O cheiro os atingiu primeiro, um cheiro metálico doce e enjoativo, e então o zumbido de milhões de moscas ocupadas com o sangue coagulado e os ferimentos abertos, pondo ovos nos olhos mortos, rastejando nas vísceras cortadas. Se o que ocorria antes era um gostinho do inferno, aquilo era um banquete.
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Ambientado na Escócia do século XVIII, A Rosa Branca Rebelde, retrata um período conturbado das Terras Altas escocesas. Sob o olhar de Anne Farquharson, a Lady McIntosh, acompanhamos os esforços do exército rebelde – os Jacobitas – pela separação da Escócia da Inglaterra. Tal campanha tinha o objetivo de ascender o “Jovem Pretendente”, Charles Edward Stuart, ao trono. A Batalha de Culloden foi o último confronto e culminou na derrota Jacobita, foi também o marco de um duro golpe contra o estilo de vida e cultural do sistema de clãs das Terras Altas.
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Anne Farquharson é uma filha das Terras Altas – destemida, independente e senhora de seu próprio destino. Uma mulher bela, de espírito irascível, que está determinada a defender o modo de vida ancestral. No leito de morte de seu pai, Anne prometeu lutar por sua liberdade. Se tornou uma defensora do movimento jacobita e gritaria aos quatro ventos “Pela prosperidade e contra a União!”
Mas o momento de lutar ainda não havia chegado. Aos dezenove anos Anne já poderia se casar, mas ela não se interessava por ninguém. A não ser por Alexander MacGilivray, seu amigo de infância. Eles eram amantes, porém Anne queria sentir mais do que desejo. Ela saberia quando encontrasse o homem destinado a ser seu marido.
Quando o chefe do clã – Aeneas McIntosh – a pede em casamento, Anne aceita. Agora, ela seria a Lady McIntosh e não tardaria para seu nome ser conhecido por toda Escócia.
O governo Inglês tachava as colheitas, os animais e todo dinheiro era destinado aos impostos. O clã de Aeneas não conseguiu arcar com os altos tributos e suas terras estavam hipotecadas. Para proteger o sustento de seu clã, Aeneas se vê obrigado a integrar à Guarda Negra – um regimento criado para evitar um levante jacobita.
Enquanto Aeneas se une aos ingleses, o príncipe Charles Stuart retorna à Escócia para lutar pelo trono. Anne fica entusiasmada diante da possibilidade de lutar pela independência, mas profundamente decepcionada quando descobre que o marido se uniu ao inimigo. Sem hesitar, Anne e MacGilivray, reúnem guerreiros de seu clã para lutarem na revolta contra a Inglaterra.
Durante o brutal conflito entre escoceses e ingleses, Anne e Aeneas terão de se enfrentar em lados opostos do campo de batalha. A amizade, lealdade e o amor de homens e mulheres serão colocados a prova… Porém eles jamais esquecerão que a liberdade é uma ideia que não pode ser destruída.
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A Rosa Branca Rebelde é uma obra de ficção, porém fragmentos históricos sobre a vida da coronel Anne Farquharson foram empregados em sua construção. Anne é uma guerreira que liderou homens e mulheres na luta pela independência de seu povo. Uma mulher que se entregou com a mesma paixão ao amor, a amizade e a uma causa.
A narrativa de Janet Paisley é muito visual. As cenas das batalhas, a crueldade, os horrores sofridos e cometidos durante a guerra são muito vívidos. A trama é bem tecida e fortemente fundamentada no aspecto histórico.
O conflito político e cultural entre britânicos e escoceses é apresentado ao leitor de forma pungente. Não consegui conter o sentimento de revolta e impotência frente à dor de um povo cujo modo de vida, tradições e o espírito livre estavam sendo ceifados.
Mesmo não sendo o foco principal do livro, a história é repleta de romance, e as cenas de sexo são extremamente sensuais. Em muitos momentos o amor por um homem e a fidelidade pela causa são postos em xeque. Anne é testada a todo momento, e confesso que me decepcionei com algumas de suas decisões. Fiquei com a impressão de que ela deu pouco valor ao amor que recebia...
Cheguei a pensar que o destino de Anne com os dois homens de sua vida, Aeneas e MacGilivray, só podia ser uma brincadeira de mau gosto. Ao longo do livro, acompanhamos opiniões sendo formadas e decisões tomadas tendo como base uma porção de mal-entendidos. Me senti aflita pelas dores e perdas causadas por uma sucessão de enganos e intrigas.
Fiquei muito contente ao ver que a tradução está sem cortes ou suavizações da linguagem escrita. O vocabulário erótico foi mantido! Parece que a Rai ainda não foi contaminada por essa praga que atingiu muitas editoras brasileiras – a tentativa de adequar o texto a todas as idades.
Alguma dúvida de que eu adorei A Rosa Branca Rebelde? Sofri durante as batalhas, mas também me emocionei com a demostração de amizade e amor declarados a cada página.