"Lembre-se de que há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil.”
O homem tinha cabelos de um ruivo verdadeiro, vermelhos como a chama. Ele é o protagonista de canções e histórias contadas à beira do fogo… já foi conhecido como Kvothe: O Sem-Sangue, O Arcano, O Matador do Rei. Mas hoje, ele é apenas Kote – um estalajadeiro. Dele é a pousada Marco do Percurso.
Com a chegada de um cronista em sua pousada, Kote decidiu que sua verdadeira história deveria ser escrita. As aventuras de uma vida seriam contadas em apenas três dias. O Nome do Vento foi o primeiro dia da história do herói Kvothe.
Na pousada Marco do Percurso uma nova manhã se iniciava. O cronista pegou uma folha de papel, destampou o tinteiro e nele mergulhou a pena. Assim começou o segundo dia da Crônica do Matador do Rei…
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Mais um período letivo estava prestes a iniciar na Universidade. Os alunos enfrentavam uma maratona: havia o sorteio de admissão, seguido por entrevistas – onde o candidato era submetido a uma saraivada de perguntas – e uma taxa escolar era estipulada. Para Kvothe, o risco de receber uma taxa alta era maior. Ele tinha apenas 15 anos, mas já possuía uma reputação infame. E para piorar, seu rival Ambrose, continuava tentando arruiná-lo. Mas Kvothe não deixaria os obstáculos impedí-lo de frequentar a Universidade... Ele precisava continuar sua busca por informações sobre o Chandriano, o demônio que assassinou seus pais. Ele não havia esquecido seu juramento... seu coração ainda ardia por vingança.
Kvothe era dono de uma inteligência ímpar, tinha o apoio de seus companheiros Wil, Simmon, Manet e… Denna – uma “amiga” por quem ele cultivava uma paixão secreta. Porém, isso não bastava…Kvothe também precisava de dinheiro. Para pagar sua taxa de inscrição ele recorreu a Devi – uma mulher poderosa que vivia de agiotagem –, e para sobreviver, ele trabalhava na Ficiaria da Universidade e tocava seu alaúde numa estalagem em troca de comida e abrigo. Kvothe gostaria de ter um mecenas – um nobre que protege os escritores, artistas e sábios – mas sua fama de “criador de casos” havia afastado essa possibilidade.
Após ser acusado de Consórcio com Forças Demoníacas pelo tribunal da Lei Férrea, Kvothe foi aconselhado a se afastar da Universidade por um semestre. Para sua surpresa, surgiu uma chance de conseguir um mecenas...
Ele deveria viajar para a longínqua Severen e oferecer seus serviços ao Maer Alveron, um homem poderoso e muito rico. Em Severen, ele salva a vida do Maer e conquista sua confiança. Então, ele é incumbido de liderar uma importante missão.
Durante a missão, Kvothe vive uma odisseia, na qual presencia uma série de acontecimentos estranhos e participa de aventuras extraordinárias. Enfrenta bandidos perigosos, entra no reino dos Encantados e consegue um feito jamais visto…sai de lá com vida. Também conhece Tempi, um mercenário anderiano que lhe ensina o idioma de seu povo e faz de Kvothe um discípulo da filosofia de luta anderiana, a Lethani.
Kvothe partiu nessa jornada como menino, mas voltou como homem. Encontrou seu verdadeiro poder e descobriu ser capaz de chamar o nome do vento. Seu nome viajou pelos quatro cantos do mundo e ficou conhecido como herói, guerreiro e assassino.
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“O Temor do Sábio” é o segundo volume da trilogia A Crônica do Matador do Rei escrita por Patrick Rothfuss. Por mais que tente, minhas palavras jamais farão justiça à complexidade e beleza da trama. Sim, o livro é belo, mas por razões muito singulares. O tom poético da narrativa de Patrick Rothfuss me encanta, e não consigo ficar indiferente a ela. Na resenha de O Nome do Vento eu citei o quanto o prólogo e o epílogo do livro – intitulado de Um Silêncio em Três Partes – me impressionou, e hoje, o faço novamente. Para mim, soa como poesia.
O mundo criado pelo autor é riquíssimo em detalhes. Através da narrativa de kvothe, conhecemos o poder das palavras. As páginas do livro são povoadas de lendas e canções que, sem elas, a história não seria tão mágica. Ah…a magia. Rothfuss descreve a magia como uma ciência nebulosa: uma prática que possui origem, pode ser explicada e aprendida. Apesar dos poderes serem grandes, kvothe trata o assunto como se estivesse laçando mão de meros truques.
Achei genial a ideia de colocar Kvothe com o pé na estrada. Essa mudança de cenário deixou a história muito emocionante, pois a jornada de Kvothe é repleta de aventuras. Ele amadurece ao longo do caminho, conhece novas pessoas, novas culturas e aprende com seus erros.
Uma característica muito interessante dos livros, é o contraste entre o jovem Kvothe – um personagem lendário – e o taberneiro kote. Enquanto este é apresentado como um homem simples, com falhas e cheio de sabedoria, aquele é descrito como um garoto inteligente, sarcástico e invencível. Quem será o verdadeiro herói da história?
A trama é tão intrincada que se torna praticamente impossível tentar descrevê-la. A Crônica do Matador do rei se tornou uma de minhas séries de fantasia preferida! O Temor do Sábio possui uma narrativa mais densa, entretanto é repleta de detalhes maravilhosos.
Rothfuss, Patrick.. Editora Arqueiro, 2011. 960p. (A Crônica do Matador do Rei, Vol. 2)