A resenha de hoje será um pouco diferente. Antes de mais nada, quero deixar claro que tudo o que está exposto na resenha é minha opinião pessoal como leitora. Nada mais.
Dessa vez não descreverei a história como sempre faço, pois tenho muito
a falar e a resenha está gigante. Vocês podem ler a sinopse a seguir.
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Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey,
descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador.
Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da
enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele.
Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito
independente de Ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus
próprios termos.Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos...
Romântica, libertadora e totalmente viciante. Uma história que vai dominar a atenção do leitor até a última linha.
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Cinquenta Tons de Cinza é o primeiro volume da trilogia homônima escrita por E L James. Abri o livro com a mente aberta e com esperança de que iria pelo menos me divertir, mas não consegui curtir a leitura. Os motivos? São tantos que nem sei por onde começar…
Iniciei a leitura sabendo que o romance foi concebido como uma “fanfic” de Crepúsculo e já esperava algumas semelhanças entre os livros, principalmente em relação aos personagens, mas eu não imaginava que isso me incomodaria tanto. Tive a sensação de que estava lendo um romance jovem adulto e não um romance erótico.
É sob o olhar de Anastasia que acompanhamos a história de Cinquenta Tons de Cinza. Foi aí que residiu meu principal problema, pois Ana me aborreceu demais. Há uma visível incompatibilidade entre a idade da protagonista e sua forma de agir. Anastasia é uma menina num corpo de mulher. Até nos momentos de intimidade Ana conseguia ser imatura. Não estou me referindo à inexperiência da protagonista em relação ao sexo, mas aos atos e pensamento estúpidos…
“Ele é como um pirulito sabor Christian Grey, só meu e de mais ninguém” (pg. 125).
É sério isso? Eu não consigo imaginar uma mulher adulta pensando algo assim durante o sexo oral.
Mas há pontos que a redimem, um pouco. O livro é repleto de clichês, mas o clássico triângulo amoroso não existe realmente – apesar de haver pretendentes. Em nenhum momento Anastasia se sente dividida, ela só quer Grey. As dúvidas de Ana em aceitar a relação nos termos impostos por Grey parecem verdadeiras. Ela não sabe se é forte o suficiente para suportar a relação dom/sub que Grey exige, mas está disposta a tentar. Nesse ponto Ana é corajosa.
James usou o embate entre o inconsciente e uma tal de “deusa interior” para expor os conflitos emocionais de Anastasia. Um recurso apelativo que não funcionou para mim. Não consegui simpatizar com a “deusa interior”… Nunca li coisa mais boba e irritante.
Encontrar detalhes incoerentes, pontas soltas e falhas na construção dos personagens também não ajudou. Um exemplo: Ana está se formando na faculdade, usa o laptop da amiga há quatro anos e não tinha uma conta de e-mail? Isso não faz sentido algum. Os personagens são inconstantes e entram em contradição o tempo todo. Assim, fica difícil…
Apesar da narrativa ser fluida e descontraída, demorei mais do que o esperado para finalizar o livro. O enredo é interessante, mas o texto é muito mal escrito. Narração simplória, pobre e repetitiva demais. As mesmas expressões, sensações e trejeitos – principalmente relacionados a Ana – aparecem sucessivamente no texto. Sem falar no vocabulário limitado de Ana, pois a única expressão de espanto que ela conhece é “puta merda”. Alguém que tenha lido o livro em inglês, pode me dizer se o texto original também é assim ou é coisa da tradução? Porque, sério, é de doer.
Juro que pensei que Ana não chegaria inteira ao final do livro. Morde os lábios, ruboriza e revira os olhos exaustivamente. Suas entranhas se contorcem tanto – de tesão, claro – que achei que ela iria acabar com “nó nas tripas” antes da história terminar. rsrs
Brincadeiras a parte, eu até entendo o porquê de “Cinquenta Tons” ter conquistado uma legião de fãs. A história é gostosinha e Grey – de um jeito sombrio – é encantador. Ele é misterioso, sensual, espirituoso e manda muito bem na cama. Em vários momentos me peguei sorrindo e suspirando. Grey “quase” salvou minha leitura, pois ele conseguiu tornar a experiência menos frustrante.
Mesmo assim, E L James deixou a desejar na construção da personalidade de “dominador” de Grey. Para um homem praticante de BDSM que – até conhecer a donzela – só teve esse tipo relacionamento, ele fez concessões demais a favor de Ana e abriu mão de suas preferências para fazer sexo “baunilha” com muita frequência.
Eu gostaria muito de dizer que adorei o livro, mas não seria verdade. Contudo, tenho que reconhecer o quão Cinquenta Tons de Cinza foi importante para a literatura erótica. Ele abriu portas e impulsionou vários lançamentos do gênero por aqui.
Enfim, acredito que cada um deva ler e tirar suas próprias conclusões. Quem já leu, me diz o que achou.
James, E L. Cinquenta Tons de Cinza. Intrínseca, 2012. 480 p. (Cinquenta Tons de Cinza, Vol. 1)