A droga teoricamente é ruim, mas em um mundo ruim é algo bom se você sacar a polaridade invertida disso… Isso gera equilíbrio, acredita Chon. Em um mundo fodido, você tem que ser fodido ou você… acaba… caindo…
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Ben e Chon são amigos e parceiros de negócios. No passado, eram rapazes comuns que curtiam festas, sexo e um bom baseado. Mas com o passar do tempo, sentiram a necessidade de ganhar dinheiro. Decidiram fazer do ditado – “Faça o que ama e nunca trabalhará um só dia na vida” – um lema. Assim, começaram a plantar e produzir a melhor erva do mundo. Juntos, faturaram bons lucros e conquistaram uma clientela fiel. A reputação de “erva da boa” se espalhou e, assim, começaram os problemas.No que diz respeito à Guerra das drogas, Ben é um pacifista convicto. Chon não é tão iludido, ele sabe que nesse negócio não há como escapar ileso da violência. No passado, quando seu território foi invadido, Chon eliminou o problema. Mas agora, eles estão diante de algo que vai além de suas forças: O Cartel de Baja. Este – com sede em Tijuana, México – exporta um volume do cacete de drogas para os EUA.
Agora, o cartel quer controlar todo o mercado de maconha da Califórnia e eliminar a concorrência. Mas a erva de Ben e Chon é a melhor, então o cartel de Baja fará de tudo para que a dupla trabalhe para eles. E não aceitará uma negativa como resposta.
Quando os rapazes recusam a oferta, o cartel sequestra O. – amiga e amante dos dois – dando início a um perigoso jogo. O que o Cartel de Baja não imaginava, é que Ben e Chon também estavam dispostos a arriscar tudo para libertar O.
Eles terão que usar de toda astúcia para estar sempre um passo a frente do Cartel de Baja e, assim, salvar O.
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Selvagens, thriller policial escrito por Don Winslow, foi uma baita surpresa. Devorei o livro em cinco horas, pois foi impossível largá-lo antes do final. Don Winslow escreveu um romance que se destaca por sua narrativa peculiar. A trama é narrada em terceira pessoa, mas não de forma linear. Ora tive a impressão que o narrador era um observador externo, ora um dos personagens. É diferente, meio excêntrico até. Confesso que fiquei confusa no início. Entretanto, após alguns capítulos a leitura fluiu melhor. Winslow conseguiu ser conciso sem ser simplista, fazendo uso de frases diretas, irônicas e repletas de humor negro.
Uma característica que me agradou muito foi o linguajar despojado e, muitas vezes, ordinário utilizado para ilustrar o caráter dos personagens. A prosa é repleta de gírias e expressões próprias de gangues de rua e facções criminosas, mas é totalmente condizente com o contexto da trama. Essa escrita realista e crua deu o tom perfeito para a atmosfera de submundo do crime apresentado no livro.
Os personagens são descritos com personalidades bem distintas. Apesar de sua atividade ilícita – produtor de uma erva incrível - Ben é um filantropo nas horas vagas. Parece hipocrisia não é? Vende maconha e usa o dinheiro para ajudar o próximo. Apesar do choque de valores, Ben parece ser honesto.
Chon é o oposto de Ben. É ele quem suja as mãos. Chon é extremamente leal a seus amigos, mas tem um lado um tanto perturbador. Um personagem intrigante.
O. é uma "patricinha" que adora transar e se excita até com o toque do vento. Há um triângulo amoroso, mas que foge dos moldes que estamos acostumados a ver. Não existe o clássico conflito “com qual dos rapazes vou ficar”. Ela traça os dois. Simples assim. Na verdade, o que rola entre eles é um relacionamento livre dos obstáculos morais. Conseguiram esse desprendimento sob o efeito de drogas? Pode ser. Mas o amor deles parece ser sincero. Então… que seja. Afinal, estamos falando do submundo do crime – onde o que prevalece é a transgressão.
Adorei Selvagens, de verdade. Porém, não estou segura se o livro agradará o público em geral. Leia outras opiniões antes de decidir, pois sou suspeita para opinar. rsrs
Agora, se você gosta de policiais e se identificou com o estilo do autor… Leia!
Winslow, Don. Selvagens. Intrínseca, 2012. 288 p.