(…) Se ela sofreu? Sim, sim, sim, ela sofreu! Ela sofreu horrivelmente, e ele fez de tudo para que ela permanecesse acordada para ver tudo… Já passei há muito tempo da fase de descrer em Deus. Acredito que o mundo pertence ao Diabo. Acredito que o Diabo é infinitamente mais poderoso do que Deus. E que os soldados da bondade, senão de Deus, estão perdendo a guerra.
p. 94
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Em 1965, a cidade de Holloman – Connecticut – está sendo assombrada por um assassino sádico. Adolescentes com ascendência latina estão sendo brutalmente mortas. O centro de pesquisas neurológicas Hughlingd Jackson, conhecido como Hug, foi eleito o palco preferido desse psicopata. Foi no frigorífico do instituto que parte do primeiro corpo foi encontrado… apenas o tronco, pois a garota havia sido decapitada e desmembrada.O tenente Carmine Delmonico foi designado para investigar o caso, mas o assassino é astuto e está sempre a dois passos à sua frente. Durante a investigação, Carmine descobre que esse não é o primeiro caso, o assassino vem agindo há muito mais tempo. Os cadáveres vão se acumulando, mas o rastro que conduz ao instituto Hug está cada vez mais evidente. Sem pistas ou testemunhas que revele um provável suspeito, a polícia precisa investigar todos os funcionários do Hug e manter uma vigilância cerrada.
Mas esse psicopata não está disposto a facilitar as coisas para o tenente Delmonico. Ele não segue um padrão, muda o modus operandi a cada ataque e as vítimas possuem características distintas. Sem saída, Carmine está disposto a tudo para tirar esse sádico das ruas. Mas o jogo do assassino está apenas começando…
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Liga, desliga é o primeiro volume da série policial protagonizada pelo investigador de polícia Carmine Delmonico, escrita por Colleen McCullough. Como fã de literatura policial, eu não poderia deixar de conferir o primeiro thriller de uma autora que é aclamada por escrever histórias românticas.A escrita de Colleen McCullough é muito agradável, detalhada sem ser maçante e possui um ritmo cadenciado…fluido. A autora intercala a narração entre os personagens, tanto os policiais como os suspeitos têm seus pontos de vista apresentados.
A trama é ambientada na década de 1960 e a autora não poupa esforços na caracterização dos personagens e descrição do cenário. Liga, desliga tem algumas particularidades que o distingue. Aqui não há como o leitor formular hipóteses ou suspeitar de algum personagem, simplesmente porque a autora não revela absolutamente nada. E, quando eu digo nada… é nada mesmo.
Ao longo do livro acompanhamos uma caçada a um serial killer infrutífera. Os próprios personagens que investigam o caso sentem-se frustrados pela falta de pistas e testemunhas. Lembram que estamos em 1965? Aqui, a medicina forense se limitava à perícia do corpo, os perfis psicológicos ainda não eram estudados e a polícia nem sonhava com a tecnologia que temos nos dias de hoje. O tenente Delmonico, coitado, passa praticamente o livro todo fazendo suposições e formulando hipóteses, pois ele não tem com o que trabalhar. Ele deduz demais, até. Um pequeno indício é capaz de fazer Delmonico formular uma teoria completa, e sem embasamento nenhum. Tudo no chutômetro. rsrs
Ler mais de 300 páginas sem progresso nenhum na investigação me deixou impaciente e desmotivada. Algum resultado ou pista, mesmo que ilusória, daria mais fôlego à história.
O desfecho do livro possui um pouco mais de ação e faz uma revelação inesperada. Um aviso para os curiosos que costumam ler a última página do livro... passem longe do final, pois a autora deixa a "bomba" justamente para o último parágrafo.
Apesar de não ser uma história repleta de reviravoltas e tensão - Liga, desliga - apresenta cenas de crimes chocantes e, no final, reserva boas surpresas ao leitor.
McCullough, Colleen. Liga, desliga. Bertrand Brasil, 2010. 420 p. (série Carmine Delmonico, Vol. 1)