Pela primeira vez na história, enfrentávamos um inimigo que travava ativamente a guerra total. Eles não tinham limites de resistência. Nunca negociariam, jamais se renderiam. Podiam lutar até o fim porque, ao contrário de nós, cada um deles, em cada segundo de cada dia, era dedicado a consumir toda a vida da Terra… Era essa a guerra que teríamos que travar.
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A infestação atende por muitos nomes, “A Peste Ambulante”, “Os Anos sombrios”, bem como os nomes mais modernos, como “Guerra Mundial Z” ou “Guerra dos Zumbis”. Mas o que importa é que essas criaturas quase provocaram a extinção da humanidade. Isso não pode ser esquecido. Assim, a ONU solicitou a elaboração de um relatório sobre a guerra, que permitiria às gerações futuras o estudo dos acontecimentos da década apocalíptica.Mas a história que o mundo tinha para contar ia muito além do que um relatório oficial podia conter… O fator humano. Todos os relatos que não puderam entrar no relatório, se tornaram uma espécie de livro de memórias – o livro dos sobreviventes da Guerra Mundial Z.
O paciente zero foi encontrado na China, mas as autoridades não deram a devida importância ao evento. A doença logo se espalhou, dando origem a boatos e informações enganosas. No início o surto era tratado como uma variação da raiva, A Raiva Africana, mas logo a população percebeu que isso não era verdade. Nenhuma espécie de raiva faria os mortos se levantarem, famintos por carne e sangue.
A infestação se tornou global, obrigando as autoridades a elaborarem estratégias para conter o avanço da epidemia. As pessoas entraram em pânico. A fuga não era uma opção, pois não havia como escapar dos zumbis. A única solução era lutar ou se tornar um morto-vivo…
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Após a adaptação de Guerra Mundial Z de Max Brooks para o cinema, fiquei muito curiosa em relação ao livro. Confesso que esperava algo diferente, o que me desapontou um pouco, porém a originalidade do autor compensou as falhas. Quando digo que o livro é original não estou me referindo ao tema – afinal, histórias sobre zumbis não são nenhuma novidade – mas sobre sua estrutura.A narrativa do autor é em forma de relatos em primeira pessoa, testemunhos de sobreviventes que presenciaram a infestação e lutaram na guerra contra os zumbis. Uma espécie de documentário escrito. Achei muito interessante essa forma de “contar” a história, pois apresenta vários pontos de vista – desde o de um civil comum, até referências de políticos e militares. Aliás, a maior parte do livro é abordada sob a ótica militar, com descrições de confrontos, planos de evasão e estratégias de combate. Gostei muito desse aspecto da trama.
Entretanto, os relatos apresentados são curtos e muitas vezes não apresentam um desfecho que satisfaça nossa curiosidade. Não há uma continuidade e em vários momentos me peguei querendo saber mais sobre determinado personagem.
Guerra Mundial Z consegue envolver, mas faltou dinâmica à narrativa. O livro foca mais as estratégias militares do que o combate em si. Há cenas de ação, mas não chegaram a me empolgar. Por outro lado, há capítulos sensacionais que abordam o lado emocional, ético e social que permeiam qualquer guerra.
O livro aborda visões diferentes de uma guerra em comum, contra um inimigo antinatural e que exige um esforço conjunto para ser vencido. É nesse ponto que reside o “X” da questão… Será que o homem possui o espírito de companheirismo e união para lutar pela sobrevivência da humanidade? Ou mesmo com a morte à espreita o que prevalecerá é o egoísmo e interesses pessoais?
Apesar das minhas queixas, a leitura de "Guerra Mundial Z" valeu a pena. Leia e conheça a “história oral da Guerra dos Zumbis”.
Brooks, Max. Guerra Mundial Z. Rocco, 2010. 368p.