(...) Às vezes é difícil perceber a velocidade da corrente
até você se ver no topo de uma cachoeira.
p. 103
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Sinopse:
Kate Baron, uma bem-sucedida advogada, está no meio de uma das reuniões mais importantes de sua carreira quando recebe um telefonema. Sua filha, Amelia, foi suspensa por três dias do Grace Hall, o exclusivo colégio particular onde estuda.
Como isso foi acontecer? O que sua sensata e inteligente filha de 15 anos poderia ter feito de errado para merecer a punição? Sua incredulidade, no entanto, vai aos poucos se transformando em pavor ao deparar, no caminho para o colégio, com um carro de bombeiros, uma dúzia de policiais e uma ambulância com as luzes desligadas e portas fechadas.
Amelia está morta.
Aparentemente incapaz de lidar com a suspensão, a garota subiu no telhado e se jogou. O atraso de Kate para chegar a Grace Hall foi tempo suficiente para o suicídio. Pelo menos essa é a versão do colégio e da polícia.
Em choque, Kate tenta compreender por que Amelia decidiu pôr fim à própria vida. Por tantos anos, as duas sempre estiveram unidas para enfrentar qualquer problema. Por que aquele ato impulsivo agora?
Suas convicções sobre a tragédia e a própria filha estão prestes a mudar quando, pouco tempo depois do funeral, ela recebe uma mensagem de texto no celular:
Amelia não pulou.
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Reconstruindo Amélia de Kimberly McCreight é um romance envolvente, que mescla de forma perfeita drama e suspense, com uma pitada irresistível de thriller policial.
A narrativa é alternada entre Kate e Amelia, o que nos permite observar o que realmente ocorre no mundo da adolescente e o que sua mãe acredita que está acontecendo. A realidade em que as duas vivem não é a mesma.
Os Capítulos dedicados a Amélia descrevem o passado, eventos que ocorreram antes de sua morte. Os de Kate, narram em sua maioria o presente... sua busca pela verdade.
Amelia nunca guardou segredos de sua mãe, mas depois que se envolveu com um grupo de meninas - uma espécie de clube ou irmandade - ela se descobre capaz de atos desmedidos. Muitas de suas ações são reflexos da solidão, pelo desejo de ser aceita e amada. Porém, com o passar do tempo, a situação sai do controle e a vida de Amelia se torna um pesadelo.
Já Kate, não percebe a mudança no comportamento da filha. Advogada associada de uma grande firma, Kate está sempre trabalhando e dedica pouco tempo à filha. Assim, Kate se culpa por tê-la negligenciado e decide desvendar os mistérios em torno de sua morte.
Num primeiro momento, o livro possui um ritmo mais brando, pois foca os eventos da vida de Amélia que antecedem e culminam em sua morte. Mas quando a desconfiança invade os pensamentos de Kate e ela decide que a investigação sobre o suposto suicídio deve ser reaberta, o livro se torna mais ágil e cheio de suspense.
McCreight aborda assuntos que já foram considerados polêmicos, mas que hoje se tornaram, de certa forma, comuns na literatura. Bullying, sexo, homossexualismo e suicídio são alguns exemplos. Porém, o que mais me incomodou nesse romance, foi a demonstração de atos e decisões irresponsáveis tomadas pelos adultos.
Kate vive alienada em relação ao que acontece no cotidiano de Amelia, ela realmente não faz ideia, e vai descobrindo os meandros da vida que a filha leva com um misto de surpresa, pesar e culpa por sua morte prematura. Mas há aqueles que sabem, que estão acompanhando o desenrolar dos eventos e alguns inclusive participam diretamente e, simplesmente, decidem não fazer nada a respeito. É enervante.
O desfecho do livro me surpreendeu, não por ser algo mirabolante ou ousado, mas pela simplicidade da coisa. A solução do caso foi plausível, convincente e, após analisar os dados fornecidos pela autora, faz todo sentido. Um final modesto e sem muitos artifícios, mas inesperado.
Não sou fã de romances que abordam dramas familiares, porém devo confessar que Reconstruindo Amelia foi uma agradável surpresa. Adorei o livro!