Atravessando o corredor, foi até a terceira e última sala de exames. Mas, assim que estendeu a mão para o interruptor de luz, algum instinto o deixou paralisado: a súbita noção de uma presença - algo malévolo - esperando por ele na escuridão.
Aterrorizado, deu alguns passos para trás e saiu da sala. Somente ao se voltar para fugir percebeu que o intruso estava bem ao seu lado.
Uma lâmina rasgou-lhe o pescoço.(...)
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Sinopse: Aquele parecia ser apenas um procedimento cirúrgico de rotina. A dra. Kate Chesne injetou duzentos miligramas de sódio pentotal na linha endovenosa de sua paciente e colega de equipe, e aguardou até a anestesia pegar. Mas logo o monitor disparou o alarme. O coração da enfermeira Ellen O’Brien havia parado. Um óbito estúpido e absolutamente inesperado. E todas as suspeitas recaem sobre Kate. Afinal, tudo indicava que ela havia avaliado erroneamente o eletrocardiograma de Ellen.
Para David Ransom, o caso começou encerrado. Má prática. Como advogado da família O’Brien, ele iria condenar a anestesista em um estalar de dedos. Afinal, essa era sua especialidade. Mandar para a cadeia médicos incompetentes. Mas ele não esperava ter seu escritório invadido por Kate, tampouco ser desafiado a buscar a verdade. Kate estava certa de que fora usada. Quando um médico e uma enfermeira são encontrados com os pescoços lacerados, David começa a dar crédito a ela. Um assassino anda a solta entre os pacientes e a equipe do Hospital de Honolulu. Agora David busca respostas para as mesmas perguntas de Kate. Quem será o próximo? E por quê?
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"O Fio do Bisturi" foi um dos primeiros thrillers policiais escritos por Tess Gerritsen. Apesar de ser uma grande admiradora da autora, confesso que essa leitura não me empolgou.
Trata-se de um suspense médico mais leve, que acaba se perdendo ao dar destaque excessivo ao romance entre os protagonistas. Diferente dos livros mais novos da Gerritsen, onde ela trata os romances com mais equilíbrio, nesse aqui o casal é bem clichê e o romance não empolga. Infelizmente, não consegui me conectar com o casal.
Escrito nos anos 90, o livro mostra bem o clima da época, especialmente pela ausência de algumas tecnologias que fazem parte do nosso dia a dia hoje.
Kate, a protagonista, é uma anestesista acusada de imperícia durante um procedimento de rotina. Disposta a provar que é inocente e proteger sua carreira, ela se mostra uma personagem forte e esperta. Mas, em alguns momentos, sua teimosia passa do ponto e a faz agir de forma imprudente, o que a coloca em situações de risco — e essa imprudência me irritou em vários trechos da leitura.
David, por sua vez, é o advogado da família da paciente que supostamente morreu por erro médico. No início, ele é retratado como um profissional frio, calculista e determinado a vencer qualquer caso. No entanto, seu envolvimento emocional com Kate o leva a abandonar o processo — uma reviravolta pouco convincente, que enfraquece o enredo.
Mesmo não sendo o foco principal, o romance acaba ganhando espaço demais e deixando o suspense meio de lado — uma pena, já que a trama tinha potencial para ir bem mais longe nesse aspecto.
É um livro curto, de leitura rápida, com um suspense médico razoável e um romance que poderia ser deixado de lado. Portanto, não espere uma trama complexa ou cheia de reviravoltas.
Se esse for o seu primeiro contato com a Tess Gerritsen, não deixe que essa leitura te desanime. Vale muito a pena conhecer outras obras da autora — a série Rizzoli & Isles, por exemplo, é ótima!