- É a mulher mais bela da Terra - disse-lhe Hernando. - Quanto esperei este...!
Mas Fátima não o deixou continuar: ergueu ambas as pernas até cingi-las à sua cintura, ficou suspensa nele e se moveu delicadamente...
Hernando, teso, com os músculos brilhando de suor, a segurou pelas costas, e ela se arqueou, contorcendo-se em busca do prazer. Fátima impôs o ritmo: escutou com atenção seus ofegos, seus suspiros e seus inteligíveis sussurros; parou em várias ocasiões e lhe mordiscou os lóbulos das orelhas e o pescoço, falando com ele para aplacar seu ímpeto, prometendo-lhe o céu, para depois, de novo, iniciar uma rítmica dança...
Pag. 317
"A Mão de Fátima" é um épico histórico escrito pelo autor espanhol Ildefonso Falcones. O titulo do livro engana, e se você quer conhecer o verdadeiro significado de A Mão de Fátima, leia a apresentação que fiz AQUI. Primeiramente devo alertá-los que este post será longo, pois ainda estou muito ligada ao livro e gostaria de descrever suas 767 páginas da forma que ele realmente merece. Por mais que eu tente, jamais conseguirei transmitir o que esse livro representa. Ele é tudo e mais um pouco.
Como resenhar uma vida inteira em poucas palavras? Sim, nessa maravilhosa história iniciamos nossa jornada ao lado de Hernando aos quatorze anos, e terminamos quando ele está com aproximadamente sessenta. Uma trama complexa e intrincada que envolve o leitor de maneira irremediável.
~~~*~~~
Juviles era uma das aldeias distribuídas por Serra Nevada. Ali viviam, como em outras aldeias, uma comunidade de mouriscos. Entre eles, encontra-se o jovem Hernando, um rapazinho de cabelos castanhos e brilhantes olhos azuis. A maioria dos mouriscos usavam dois nomes: o cristão e o muçulmano. Hernando, no entanto, era simplesmente Hernando, ainda que no povoado zombassem dele ou o insultassem chamando-o de "nazareno".
Até seu padrasto, Brahim, se referia a ele; com ódio e desprezo, pela alcunha de Cão Nazareno - o bastardo cristão. Um dia sua mãe, Ashia, se vira obrigada a explicar-lhe a razão de tal apelido. Ela lhe contou que, quando menina, havia sido violentada pelo Cura do povoado onde vivia. Ele era fruto dessa desonra e, por isso, o chamavam de nazareno, pois era filho de um sacerdote cristão.
No ano de 1568 a nova pragmática real que obrigaria os mouriscos a se vestir como cristãos, a abandonar os uso da língua árabe, seus costumes e cultos, deu inicio à rebelião dos muçulmanos contra a coroa espanhola.
Foi obrigado a amadurecer rapidamente. Hernando precisou decidir em que lado da batalha lutar, ele presenciou massacres, crueldades e sofrimentos sem fim. Durante o ápice da revolta, Hernando usou de sua jovialidade e inteligência para encontrar uma forma de defender os interesses de seu povo. Ele conquistou o respeito e a afeição dos mouriscos, provou seu valor como um fiel muçulmano e caiu nas graças do rei erigido pelo povo. Em meio à violência, fome e crueldade da guerra, Hernando encontra o amor ao salvar Fátima, uma jovem viúva, da morte.
Mas o ódio e a inveja de seu padrasto é antigo e profundo. Brahim não está disposto a deixar que o "nazareno" seja feliz, e direciona todas as suas forças para tomar Fátima para si. No calor da batalha e com os ânimos exaltados, Hernando acaba provocando o ódio e conquistando mais inimigos.
O poder mudou de mãos, e Hernando perdeu a proteção do antigo rei. Agora, voltava a ser o "Cão Cristão" e sua sorte estava nas mãos de seu maior inimigo, Brahim. O destino não foi benevolente com ele, fora vendido como escravo para um corsário, seria obrigado a ser o amante de um homem execrável. Agora a morte era sua única esperança...sua única certeza.
Porém, as forças dos mouriscos não foram suficientes para lutar contra a coroa. Após a derrota nos campos de batalha, Hernando escapou de seu cativeiro, mas ele e sua família foram obrigados a integrar o êxodo em direção a Córdova.
Nesta cidade próspera, Hernando reinicia sua luta em busca da dignidade e uma forma de continuar a viver dentro de sua cultura e religião. Ele não quer mais lutas e mortes, e concentrará todos os seus esforços para tentar conquistar a tolerância religiosa e a convivência de muçulmanos e cristãos. Iniciou sua jornada trabalhando em um curtume, e depois usou seu amor e talento com os cavalos para se reerguer, conseguiu um bom trabalho nas cocheiras do rei Felipe II.
Superou as adversidades que a vida lhe impôs e, finalmente, se entregou a tão avassaladora paixão por Fátima.
Ele havia trilhado um longo caminho: a orfandade, a guerra, a escravidão nas mãos de um corsário e a deportação para terras estranhas em que não tinham encontrado senão ódio e desventura. A pobreza e o duro trabalho no curtume; a errância e a volta à comunidade; a sorte nas cocheiras até tornar-se o membro mais importante entre os seus, e agora...
Novamente se encontrava em desgraça. Para servir ao seu povo, ele teve que fingir ser um cristão-novo, convertido. Sua família, seus vizinhos e seus irmãos na fé o odiavam, pois para eles, Hernando era um traidor do verdadeiro Deus e do profeta. E mesmo sendo alvo de preconceitos, humilhação e chacota, ele conseguirá se entregar e viver novamente um amor sem limites.
O que lhe dava forças, era sua fé e a mão de Fátima, amuleto que o vinculava à mulher que sempre amou. Ele ainda acreditava na máxima que o conduziu até ali..."A Morte é esperança certa".
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Ildefonso Falcones tem o dom de escrever de forma elegante e que emociona, somos capazes de sentir o cheiro dos cavalos, o torpor causado pelo haxixe, a dor da perda e o arrebatamento que o prazer proporciona.
Ao contrário do que eu pensava, esse livro não é dedicado somente à guerra e à intolerância. A Mão de Fátima é, do inicio ao fim, uma homenagem ao amor de um homem e uma mulher. Em nenhum momento, mesmo durante o sofrimento da guerra, a violência e a dor do cerceamento de sua fé, Hernando deixou de expressar e se entregar à paixão avassaladora que sentia por Fátima.
E o que mais me surpreendeu, foram as cenas de amor e sexo que o autor nos presenteou. As mulheres habituadas a ler romances, devem concordar comigo, que os homens não se dedicam a escrever cenas românticas e eróticas. Pois bem, Ildefonso Falcones o fez! Esse não é o foco principal do livro, porém o autor construiu cenas de amor muito eróticas e excitantes. Da mesma forma, escreveu as cenas duras e cruéis, onde conseguimos sentir toda sua repulsa e sofrimento do sexo forçado...coagido.
Uma história lindíssima, que provoca desde os mais ternos sentimentos aos mais inquietantes e violentos. Em muitos momentos me senti feliz ou me peguei rindo com as conquistas de Hernando e Fátima, em outros, me senti ultrajada, enraivecida, e profundamente indignada. É como disse antes, o autor escreve de forma vivida e impactante.
Hernando vive em um país dividido entre duas religiões; os cristãos, que governam a Espanha e possuem o apoio incondicional da igreja católica e da inquisição; e os muçulmanos, chamados de mouriscos, que mesmo sob o risco de serem mortos não abandonam sua fé no profeta Maomé.
Ele vive à margem dos dois mundos, não é aceito pelos muçulmanos, pois seu pai era um padre cristão. Aos quatorze anos, sua mãe fora violentada por um sacerdote; e Hernado carrega a herança, o estigma desse ato de violência...seus grandes olhos azuis. Entre os mouriscos, ele é conhecido como o Nazareno....o filho sujo de um cristão. Para os cristãos, ele é apenas mais um muçulmano, odiado por causa de sua cultura e costumes de sua família. Foi educado e iniciado em ambas as religiões, mas seu coração e sua verdadeira crença é a muçulmana. Ele jamais abandonou seu Deus e seus irmãos.
Ele vive à margem dos dois mundos, não é aceito pelos muçulmanos, pois seu pai era um padre cristão. Aos quatorze anos, sua mãe fora violentada por um sacerdote; e Hernado carrega a herança, o estigma desse ato de violência...seus grandes olhos azuis. Entre os mouriscos, ele é conhecido como o Nazareno....o filho sujo de um cristão. Para os cristãos, ele é apenas mais um muçulmano, odiado por causa de sua cultura e costumes de sua família. Foi educado e iniciado em ambas as religiões, mas seu coração e sua verdadeira crença é a muçulmana. Ele jamais abandonou seu Deus e seus irmãos.
"A Mão de Fátima" mantém um ritmo intenso do início ao fim. O autor ilustra com muita veracidade o conflito entre muçulmanos e cristãos na Espanha do século XVI. Conflito este, que desempenhou um papel importante na decisão de expulsar os mouriscos do país e que dizimou aproximadamente 1/3 desse povo.
A fidelidade histórica e o relato apaixonante dos episódio de xenofobia, que compõe a história da Espanha, fazem de A Mão de Fátima um épico excepcional. Falcones apresenta ricas e belas descrições das montanhas e vales espanhóis, a mesquita de Córdova profanada pelos cristãos e as ruas do antigo bairro árabe.
Um emocionante relato de amor e ódio, crueldade e benevolência; onde a ilusão de um mundo melhor e a esperança nos lançam em uma aventura repleta de paixão. Paixão por uma mulher...paixão por um povo e pela fé.
Um emocionante relato de amor e ódio, crueldade e benevolência; onde a ilusão de um mundo melhor e a esperança nos lançam em uma aventura repleta de paixão. Paixão por uma mulher...paixão por um povo e pela fé.
Falcones, Ildefonso. A Mão de Fátima. Rocco, 2011. 767 p.
Nossa adorei, não conhecia o livro mas parece ser ótimo!!! bjos!!!
ResponderExcluirhttp://conversandocomdragoes.blogspot.com/
Ah meu Deus!!!!!Que resenha!Quero ler esse livro ainda esse ano!Parabéns!Senti o drama da história nessa sua resenha. Adoro livros com temática mais realística e tem mais de 700 páginas (adoro!)...Vou adicionar já à minha lista de desejados. Obrigada por presentear-me com tal resenha. Ou será que deveria ficar enraivecida com você? Afinal com tantos livros que quero ler/ter e com pouco dinheiro no bolso, vem você e põe mais um livro no topo dos que preciso desesperadamente ler o quanto antes, run! kkkk
ResponderExcluirbrincks.
kisses ^_^
Hummm, Fiquei curiosa...
ResponderExcluirBjos do Mix.
ei Hérida, linda resenha.
ResponderExcluireu não conhecia o autor, mas pelo que você escreveu o Ildefonso tem o dom e escreve super bem.
adorei a cena hot.
quero ler. ^^
beijos.
Ei Hérida,
ResponderExcluirNossa que livro, realmente é bem diferente do que eu imaginava quando vc comentou.
Fiquei doida para ler, fiquei curiosa demais para saber o que acontece com ele, com a mulher e com o gay la q pega ele rsrs.
Agora a capa eu achei feia demais :P
bjoo
Poxa, fiquei super na vontade. *.*
ResponderExcluirMas aí eu vi que era da Rocco, quanto será que tá custando? =/ hehehe. Ain, um homem que sabe escrever cenas hot's #milagre #milagre hehe, adorei linda. :))
Olá, Hérida.
ResponderExcluirSó pelo título fiquei intrigada e depois da sua impressão a respeito do mesmo deixou-me mais curiosa ainda.
Não imaginava que fosse assim, ol ivro sempre engana pela capa.
Adoro enredos que tem o dom de serem inesquecíveis e que nos tocam de alguma forma!
Muito obrigada pela dica!
Já adicionando na lista de desejos!
Beijos.
Nossa, fiquei encantada com esse livro!
ResponderExcluirA quantidade de páginas só me deixou mais desejosa ainda.rs
Sua resenha demonstra toda a paixão que você sentiu pelo livro. Adorei!
Com certeza vou querer ler essa história o mais rápido possível.
Adorei o seu blog.
Bjos!
Hérida, acho que irei me proibir de ler as suas resenhas... Sério... já fiquei encantada com esse livro *-* Adoro livros que me fazem sentir como se eu estivesse lá dentro, realmente vivendo a história.
ResponderExcluirHérida,
ResponderExcluirQuanta coisa boa vou conhecendo aqui. Juro que ainda não tinha ouvido falar.
Ficou linda mesmo a resenha =)
Beijo!
a resenha ficou perfoO como sempre e realmente me interessei pelo enredo, parece ser encantador... já que a sua empolgação foi bem evidente! XD
ResponderExcluirSimplesmente Uauu! kkk
ResponderExcluirNossaaaa, que resenha enorme...ehehe mas adorei, nunca tinha ouvido falar nesse livro. Parece emocionante.
ResponderExcluirEu não gostei da capa...
Fiquei com muita vontade de ler.
Bjus
Gisele
Amiga, agora eu entendi porque vc gostou tanto do livro. E o pior é que eu fiquei querendo ler também :-)
ResponderExcluirBjsssss
Oi Hérida,
ResponderExcluirSinto muita falta do tempo em que eu podia me dedicar à leitura de um livro de mais de 700 páginas!! rs... Hoje em dia não dá não!! rs...
Mas adorei sua resenha!
Beijos
Camila
Sabia que amaria essa resenha.
ResponderExcluirVc já havia falado com tanto entusiasmo sobre o livro antes mesmo de ler, que eu pensei: Ou ela Ama ou Odeia. Não haverá meio termo.
E foi bom demais saber que vc amou.
Já anotei a dica.
beijos
adoorei
ResponderExcluirja tinha ouvido falar
Não conhecia o livro, mas parece ser maravilhoso. Obrigada pela resenha! Mais um para entrar na minha - enorme - lista de livros para ler! rsrs
ResponderExcluirBjs :)
Belíssima Resenha!!! Fiquei com inveja + uma inveja boa... realizadoooo em lê uma resenha fantástica com essa. Bjs.
ResponderExcluirPARABÉNS. HÉRIDA.