"A TRAIÇÃO" (Christopher Reich)

— Seu trabalho já acabou, Jonathan – prosseguiu Hamid. — Agora é comigo.

Jonathan lançou um olhar duro a Hamid...

— Sou eu quem decide quando termina o trabalho do curandeiro – disse Haq, irritado com a afronta.

— Você não está entendendo – disse Hamid. – O curandeiro trabalha para mim.

— Você? Um hazara? – Haq cuspiu as palavras, incrédulo.

— Não. Eu, o governo dos Estados Unidos.

Num instante, Hamid se abaixou e rasgou a garganta de Abdul Haq com um bisturi, fazendo jorrar sangue. A boca formava um perfeito “O”, embora não emitisse nenhum som…

Abdul Haq estava morto...

Pag. 50

“A Traição” é o terceiro thriller de espionagem da série Jonathan Ransom, escrita por Christopher Reich. Nosso habilidoso cirurgião, mais uma vez, será arrastado para o mundo da espionagem e enfrentará terroristas, assassinos e perigosos agentes internacionais. Um livro em que o leitor mal encontra tempo para respirar, seu ritmo alucinante e sua trama cheia de suspense nos envolve da primeira a última página.

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Um acidente aéreo nas montanhas do Afeganistão. Uma arma de destruição em massa acaba soterrada e perdida. Poucos sabem, ninguém assume o erro e todos se esquecem do que aconteceu. Até que, após 20 anos, o impensável acontece…o pesadelo está apenas começando.

Jonathan Ransom queria se afastar e esquecer dos problemas que enfrentou por causa de sua mulher, Emma. Os acontecimentos passados tiverem repercussões importantes em sua vida, ele não podia mais trabalhar para a ONG Médicos sem Fronteiras, e estava impedido de atuar profissionalmente como médico ou cirurgião a quem quer que fosse. Clinicar era sua vida, a única coisa que fazia bem e com grande competência. Decidiu se aventurar na zona vermelha do Afeganistão, trabalharia em meio a revolta e o fogo cruzado. Alguns achavam que era suicídio, mas Jonathan pensava de outra forma. Pesara riscos e responsabilidades e chegara a um equilíbrio – mais ou menos...

Um dia, enquanto realizava uma cirurgia, Jonathan foi abordado por Sultan Haq, e obrigado a dar cuidados médicos a seu moribundo pai, líder de uma facção terrorista. Sem alternativas de recusa, Jonathan é obrigado a seguir aquele homem violento. Chegando ao seu destino, ele descobre que mais uma vez fora manipulado e usado de isca, e se vê outra vez lutando para salvar a própria vida.

Após o incidente com Sultan Haq, Jonathan é procurado pelo chefe da Divisão, Frank Connor. Ransom toma conhecimentos das últimas atividades de sua mulher, Emma, e descobre que ela foi captura e torturada por criminosos cruéis.

Connor pede a ajuda de Jonathan, pois a agência precisa de um médico para se infiltrar no covil de um poderoso traficante de armas, e assim, descobrir o paradeiro de Emma. Cheio de ódio e decidido a se vingar dos agressores de Emma, Jonathan aceita adentrar no jogo da espionagem internacional. Porém, as cartas do jogo mudam, existe a possibilidade de Emma não ser uma refém, e sim, aliada do traficante de armas. Ela está tentando resgatar um míssil nuclear que fora encontrado após 20 anos. Qual os motivos de Emma para ajudar criminosos com intenções terroristas?

Jonathan precisa descobrir o destino final da ogiva nuclear, e tentar impedir que ela caia em mãos erradas. Nem que para isso tenha que considerar o amor de sua vida uma inimiga.

Ele está decidido a vencê-la. Se não no amor, pelo menos na guerra.

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“A Traição” mantém a mesma narrativa ágil e cheia de ação dos outros livros. Mas houve algumas mudanças marcantes, principalmente nos personagens. Nos livros anteriores Jonathan era um cirurgião a serviço da ONG Médicos sem Fronteiras. Homem altruísta, totalmente apaixonado por sua esposa, sempre tentando entender os reais motivos de Emma, e que não ficava nada feliz ao ser inadvertidamente envolvido no mundo da espionagem. Agora, Jonathan percebeu que não adianta fugir da realidade, que sua vida mudou e deve cumprir seu dever como americano, ele foi convocado e irá de bom grado.

A transformação no comportamento de Jonathan mudou a atmosfera do livro. Ele parou de fugir, de se esconder e passou a lutar na linha de frente…diretamente no olho do furacão. Ele é inexperiente e pouco sabe sobre espionagem e como sair ileso desse jogo, mas ele conta com a sorte. Por ser carismático e um tanto ingênuo sobre o universo dos agentes secretos, Jonathan recebe uma atenção especial de seus companheiros.

Emma continua dissimulada e ardilosa, ela interpreta o papel de mulher fria, uma espiã profissional que não se deixa abalar. Muitas dúvidas sobre o passado de Emma, porque jonathan foi escolhido para fazer o papel de marido da espiã e outras arestas dos livros anteriores, são aparadas em A Traição. As coisas começam a fazer sentido e conseguimos enxergar a trama de forma mais ampla.

Não encontrei informações sobre um quarto volume, mas A Traição deixou um gancho para continuação instigante. Espero que Christopher Reich tenha piedade dos pobres fãs e escreva mais um livro de tirar o fôlego.

Se você ainda não conhece a série do querido Dr. Jonathan Ransom, não perca mais tempo…Leia e divirta-se!

Reich, Cristopher. A Traição. Arqueiro, 2011. 304 p. (série Jonathan Ransom, Vol. 3)