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Digno de Nota

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“HERESIA” (S. J. Parris)

— O que você diria, Philip, se eu lhe dissesse que o Universo é infinito? ...
— Bem, é nisso que acredito ... – Copérnico só contou metade da verdade. A imagem que Aristóteles criou do cosmos, com as estrelas fixas e os seis planetas orbitando a Terra é pura mentira. Copérnico substituiu a Terra pelo Sol como centro do Universo, porém eu vou mais longe: digo que existem muitos sóis, muitos centros, tantos quantas são as estrelas no céu. O Universo é infinito e, sendo assim, por que não seria povoado por outras Terras, outros mundos e seres como nós? Decidi que o trabalho da minha vida será provar essa teoria."
Pag. 16

Ambientado no séc. XVI, Heresia – romance de estreia da autora S. J. Parris –, nos transporta para um período sombrio da humanidade, onde o simples desejo de ler um texto que contradiga os ensinamentos da igreja era considerado heresia. Um livro que explora a fé, a cobiça e, principalmente, a tênue linha que separa a crença da razão.

~~~*~~~
Uma mente aberta para o conhecimento e livre de preceitos pré-concebidos. Giordano Bruno era um homem fora de seu tempo e tinha fome de saber. Viveu durante 13 anos em um mosteiro, mas sua paixão pelo desconhecido o levou a ser excomungado e acusado de heresia. Giordano conseguiu fugir dos Inquisidores e passou a vagar pela Europa em clandestinidade. Com o passar dos anos ele se tornou um eminente filósofo, cientista e estudioso de magia, conseguindo se consolidar como um homem de prestígio na corte francesa e conquistando a confiança do rei Henrique.

Em 1583, numa Inglaterra assolada pela discórdia e marcada por intrigas e conspirações para destronar a rainha Elizabeth, Bruno foi convocado para uma missão de estrema importância para o reino inglês. Existia a suspeita de que uma rede religiosa com o intuito de derrubar a rainha protestante estava sendo formada em Oxford. Sob o disfarce de participar de um debate sobre as teorias do universo de Copérnico, Bruno deveria se infiltrar entre os docentes da universidade e descobrir a identidade dos possíveis conspiradores e católicos clandestinos.

Logo após sua chegada, um dos professores mais renomados de Oxford é brutalmente executado. Agora, além de investigar o complô papista, Bruno deve desvendar os mistérios em torno daquele assassinato. Porém, os ataques continuaram e as mortes estavam cada vez mais violentas. Aparentemente, o assassino queria transmitir uma mensagem…
Ele estava determinado a realizar uma vingança em nome da religião e a forma escolhida foi representar, através dos assassinatos, os martírios de antigos santos.

À procura de pistas, Bruno se aventura pelas ruas de Oxford e se vê envolvido em uma assustadora perseguição. Em um mundo onde a verdade e a heresia se confundem, Bruno deve usar de toda astucia e perspicácia para fazer justiça.
~~~*~~~
Não posso deixar de expressar meu prazer ao ler um livro onde ficção e fatos históricos estão harmonizados de forma concisa e crível. Adoro livros que, sob uma trama aparentemente simples, provam ser mais interessantes que o esperado.
Heresia não é nenhum thriller de tirar o fôlego, mas isso já é esperado devido a ambientação e características da época. Bruno conduz a investigação priorizando a observação e tentando desvendar o mistério com o máximo de discrição possível. Porém, achei a narrativa da autora muito gostosa e a linguagem escrita fácil...sem formalidades. Minha leitura fluiu muito bem e não achei o ritmo cansativo.

A Inglaterra do século XVI estava no apogeu do Renascentismo. Heresia nos mostra que, mesmo à margem da idade moderna, o homem em nome da religião ainda ignorava a razão, repudiava a ciência e continuava tentando fincar as raízes do medo e da intolerância através da fé. Tanto os católicos como os protestantes eram capazes de atos horrendos em nome de seus ideais.
Mostrando a influencia das instituições religiosas e políticas, Heresia põe, a todo momento, o caráter humano à prova.

“Hoje a fé e a política são uma coisa só … A religião de um homem me diz onde está sua lealdade política, muito mais do que sua terra natal ou sua língua”. 
Pág. 28

Mas Heresia não se resume apenas a fatos históricos; temos conspirações, intrigas, assassinatos cruéis e suspense suficiente para deixar o leitor com uma pulga atrás da orelha. Afinal…quem será o assassino? O leitor acompanhará uma investigação onde todos são suspeitos e qualquer personagem pode ser o próximo alvo. Aqui, nada é absolutamente certo ou errado, mesmo os mais cruéis agem segundo suas próprias crenças.

Permeado de conspirações contra a coroa da Rainha Elizabeth, novos protestantes ambicionando o apoio da nobreza e fiéis fervorosos aos dogmas católicos, Heresia é um suspense histórico que nos leva, desde os corredores das escolas de Oxford até os recônditos quartos de tortura e palanques de execuções sumárias. Para um leitor ávido por conteúdo histórico e informativo, Heresia é um prato cheio.


Parris, S. J. Heresia. Arqueiro, 2011. 360 p. (Série Giordano Bruno, Vol. 1)
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