- Você gostaria de chegar mais perto para poder ouvir melhor?
A mulher se virou e, por um tempo infinito, as duas se encararam. Ela tinha um rosto perfeito de boneca, os olhos azul-claros. Lota sorriu. Não queria afugentar aquele passarinho, mas já o tinha feito. Num tom raivoso, a mulher respondeu Ah, não, obrigada, e saiu apressada. De acordo com as armadilhas do destino, não levou nem uma semana para que sua amiga Louise trouxesse uma novidade para o jantar, e Lota a reconheceu imediatamente: a mulher das roupas excelentes.
Neste romance de estreia, Michael Slege cria um retrato intimo da adorada poeta Elizabeth Bishop – sua vida no Brasil e seu relacionamento com a amante, a urbanista e paisagista Lota de Macedo Soares. Sledge imagina através das correspondências de Bishop e de sua Biografia, seu intenso mundo particular, revelando o gênio literário que viveu em conflito consigo mesma: como mulher e escritora.
Sledge narra a vida de ambas as mulheres na casa de vidro, construída na selva, a longa batalha de Bishop contra o alcoolismo e seu auge como uma das maiores escritoras da época. Ligada a grandes personalidades culturais e politicas da época, Lota também é assombrada por seus próprios demônios. E, à medida que segredos vão sendo revelados, o sensual cenário do Rio de Janeiro, o samba e a bossa nova e a situação politica do Brasil na década de 1950 envolvem Bishop em um mundo que ela nunca imaginou habitar.
A Arte de Perder é o retrato vivo de duas mulheres brilhantes, cujo amor impulsionou um dos mais belos trabalhos da história da arte.
“O romance cinematográfico de Sledge é tão luxuriante e fértil quanto a própria selva, com seus inúmeros frutos, folhagens e perigos ocultos. O leitor fica com a imagem indelével de uma mulher brilhante e atormentada, que escreve incansavelmente noite adentro, à luz de um lampião de querosene…Forte e inebriante.” – Booklist
Sledge, Michael. A Arte de Perder. Leya, 2011. 318 pag.