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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

“AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS” (Paul Hoffman)

O homem não poupa nada que vive; ele mata para se alimentar, mata para se defender, mata para se instruir, mata para se divertir, mata pelo prazer de matar…
— E quem vai exterminar quem extermina todos os demais? Você. É você que está encarregado de massacrar todos os homens. De todo o planeta, é você que vai fazer um altar onde todos os seres vivos serão sacrificados, sem fim, sem consideração, sem pausa, até a aniquilação de todas as coisas, até que o mal seja extinto, até a morte da morte… Você não é um homem, é a fúria de Deus em carne e osso.
Pag. 21,22
 ~~~*~~~
Enquanto crescia entre as paredes frias do Santuário dos Redentores, Thomas Cale foi treinado na arte da guerra e descobriu que tinha aptidão para matar. Após presenciar um ato hediondo, Cale e seus amigos Henri Embromador e Kleist, fugiram. Ao ultrapassarem os muros do santuário, o perigo os acompanhou… O Redentor Bosco não permitiria que ele desfrutasse por muito tempo de sua liberdade. 
Bosco acredita que Cale nasceu para acabar com o caos e com a dor. Veio ao mundo para ser o ceifador…a mão esquerda de Deus.

Cale experimentou um breve sonho de liberdade, mas a traição de sua amada o fez desistir de lutar. Novamente ele estava nas mãos do Redentor Bosco para cumprir o seu destino. Agora, ele não é mais o mesmo. Seu coração está endurecido e sua alma obscura. Ele liderará o exército dos redentores e lutará ao lado daqueles que sempre o oprimiram. Sua missão: ser o mensageiro da destruição…aquele que empunhará a espada e trará a morte aos ímpios. 

Enquanto Cale luta pelos interesses dos Redutores, Bosco conspira contra seus inimigos. Ele não está somente interessado em acabar com a heresia da humanidade; Bosco almeja elevar-se dentro da religião e seu objetivo é nada menos que o papado.

A responsabilidade de ter o destino do mundo em suas mãos, arrasta Cale para o caminho da incerteza. Ele quer mesmo atuar como o anjo da morte?
Sua reputação o precede onde quer que vá e Cale se torna, além de temido, indesejado e odiado. Ele se vê sozinho entre uma multidão. Todas as regras quebradas, toda traição, caos e morte…. acabariam cobrando seu preço.
~~~*~~~
"As Últimas Quatro Coisas" é o segundo volume da trilogia As Três Visões escrita por Paul Hoffman. O primeiro livro da série, A Mão Esquerda de Deus, se tornou um dos meus livros favoritos. Fui surpreendida pela originalidade da trama, diálogos irônicos e narrativa repleta de ação. Porém, não posso dizer que senti a mesma empolgação durante a leitura de "As Últimas Quatro coisas".

Através de uma realidade distorcida, o autor expõe elementos que desafiam a lógica natural do que é conhecido e aceito. Esse cenário alternativo, que contradiz o senso comum, modela de forma singular o mundo que Hoffman descreve. Essas características continuam presentes nesse segundo livro; porém, houve uma mudança significante no ritmo da narrativa e na forma de abordagem de determinados assuntos. A maior parte do livro o autor explica, exemplifica e descreve os acontecimentos ao redor de Cale de forma lenta, maçante e com momentos de ação que não me empolgaram.

Sexo, aversão às mulheres, corrupção do caráter humano, morte e religião são campos férteis para Hoffman. Com uma escrita ora excêntrica, ora brutal, ele aborda esses assuntos com uma naturalidade desconcertante.
Eu gosto quando um autor debate de forma original tabus e assuntos polêmicos. Entretanto, achei que em "As Últimas Quatro Coisas" Paul Hoffman tratou de temas pesados com muita leviandade.

"As Últimas Quatro Coisas" me deixou com sentimentos contraditórios. Enquanto me senti entediada durante a maior parte do livro, o terço final conseguiu me envolver. Em um certo ponto a trama dá uma guinada, a narrativa se torna mais ágil e o desfecho nos apresenta cenas empolgantes. Essa reviravolta no enredo me deixou intrigada e, ao fechar o livro, me senti curiosa pela continuação.

Hoffman, Paul. As Últimas Quatro Coisas. Suma de Letras, 2011. 304 p. (As três visões, Vol.2)

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