Amor: uma única palavra, algo delicado, uma palavra que não é mais larga ou longa que uma lâmina. É o que ela é: uma lâmina, uma navalha. Ela corre pelo centro de sua vida, cortando tudo em duas partes. Antes e depois. O restante do mundo cai em ambos os lados.
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No passado pensavam que o amor era algo sublime, mas isso foi antes de descobrirem que ele era o maior dos males... o Amor Deliria Nervosa
Muitas pessoas temem a intervenção que irá curá-las. Mas Lena Haloway, não. Ela mal pode esperar para se ver livre dos perigos da doença, mas ainda faltam exatos noventa e cinco dias para sua intervenção. Ela já teria feito se pudesse, mas é preciso ter dezoito anos para ser curado pelos cientistas. Do contrário, o procedimento não funciona corretamente.
Muitas pessoas temem a intervenção que irá curá-las. Mas Lena Haloway, não. Ela mal pode esperar para se ver livre dos perigos da doença, mas ainda faltam exatos noventa e cinco dias para sua intervenção. Ela já teria feito se pudesse, mas é preciso ter dezoito anos para ser curado pelos cientistas. Do contrário, o procedimento não funciona corretamente.
Seu maior desejo é extirpar o amor de seu sangue e ser pareada com um menino que os avaliadores escolherão para ela. Na verdade, Lena quer acabar com o estigma de sua família. Ela é órfã e filha de uma não curada. Sua mãe suicidou-se por causa do amor. Lena sente os olhares sobre ela, pois as pessoas sabem que ela pode ter a doença em seu sangue.
Mas antes de passar pela intervenção, um garoto entra na vida de Lena. Alex possui a marca da cura, então é seguro conversar com ele. Ele é lindo e inteligente, porém parece estranhamente interessado nela.
Lena não entende porque Alex continua cruzando seu caminho e não gosta do que começa a sentir por ele. Será que ela foi contaminada pelo Amor deliria nervosa?
Lena descobre que a vida tem outro sentido ao lado de Alex e percebe que está com todos os sintomas da infecção do amor… a dor penetrando em seu peito, a sensação de ansiedade, o forte desejo de ter Alex em seus braços e o medo de perdê-lo, como uma faca dilacerando seu peito. Tudo que ela consegue pensar é que irá morrer… E está feliz.
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“Delírio” – primeiro volume da série homônima de Lauren Oliver – é um romance YA distópico agradável. Sempre que uma nova distopia é publicada, sou dominada pelo entusiasmo. Mas o livro não me surpreendeu.
Se levarmos em conta sua capacidade de entretenimento, Delírio é um romance fascinante. Mas eu não consigo avaliar um livro olhando apenas o escapismo que ele proporciona.
Se levarmos em conta sua capacidade de entretenimento, Delírio é um romance fascinante. Mas eu não consigo avaliar um livro olhando apenas o escapismo que ele proporciona.
A estrutura do enredo segue uma linha já vista e não reserva muitas surpresas ao leitor. Meu maior desapontamento foi em relação a construção do ambiente distópico. A autora não criou nada de novo; utilizou o mundo exatamente como conhecemos e introduziu apenas a doença Amor Deliria nervosa. A tecnologia, o estilo de vida e a ciência continuam praticamente os mesmos. A diferença reside na descoberta da cura para o “amor” e na adaptação – principalmente das leis e regras comportamentais – da sociedade frente a essa realidade. Infelizmente, o desenvolvimento da sociedade distópica é muito raso e pobremente explorado.
O Amor Deliria Nervosa também não me convenceu. Meu principal incômodo não é em relação à doença em si, mas na forma como ela foi abordada. Se o livro tratasse o “amor” como um distúrbio emocional causador de transtornos psicológicos, comportamentais ou físicos e, baseado nisso, explorasse a necessidade desse sentimento ser extinto, com certeza eu compraria a ideia. Mas não é isso que ocorre, no enredo o amor é descrito como uma doença infectocontagiosa. Como a autora não explica como ocorre a "transmissão" do amor, ficou difícil dar crédito a essa teoria. Inicialmente pensei que poderia ser uma maneira das autoridades ludibriarem a população, evitando assim o relacionamento entre os adolescentes “não curados”. Mas não há nada no enredo que corrobore essa possibilidade.
Infelizmente, há um excesso de detalhes em aberto na trama. Espero, sinceramente, que no segundo livro a enxurrada de pontas soltas sejam arrematadas.
Em contrapartida, a narrativa de Lauren Oliver é intensa e possui certa solidez, o que me agradou muito. Achei o ritmo lento no início, porém aumenta gradativamente no transcorrer da história. Agora, o terço final de Delírio é de tirar o fôlego. Se não fosse o final tenso, provavelmente não teria interesse em ler a sequência. A autora foi ardilosa ao arquitetar um desfecho explosivo para instigar o leitor a continuar a série. Bem…comigo o artifício funcionou, pois realmente fiquei curiosa pelo que virá.
Oliver, Lauren. Delírio. Intrínseca, 2012. 336p. (Delírio, Vol. 1)