Vou morrer. E não faz sentido. Não era esse o plano, pelo menos não o meu…
Estou olhando fixamente para dentro de um cano de revolver e sei que é de lá que ele virá. O mensageiro. O cocheiro… Se você vê a luz no fim do túnel, pode ser a chama de uma arma.
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A porta do banco se abriu e o homem encapuzado empunhando um rifle AG3 anunciou o assalto. Ele escolhe uma funcionária e sussurra as ordens para ela. O homem consegue o dinheiro, mas antes de sair do banco executa a mulher… O detetive de homicídios, Harry Hole, passou a noite assistindo ao vídeo de segurança do banco em Oslo. Havia algo estranho naquele crime. O assassinato não fazia sentido.
Como o caso envolvia assalto e homicídio, ele foi obrigado a colaborar com o Departamento de Roubos e Furtos. Apesar de preferir trabalhar sozinho, Harry teria como parceira a nova agente prodígio do departamento. Beate Lønn é dona de um talento interessante… Seu cérebro possui o giro fusiforme anormal, o que lhe dá a capacidade de reconhecer qualquer rosto que já vira antes. Ela poderia ser de grande valia para a investigação.
Enquanto segue as poucas pistas deixadas pelo criminoso, Harry se coloca em uma situação de risco. Sentindo-se sozinho após a viagem de sua namorada, ele aceita um convite de Anna – uma ex-amante – para jantar. Mas na manhã seguinte acorda de ressaca e sem qualquer lembrança do que aconteceu nas últimas horas.
Na mesma manhã, ao comparecer à cena de um novo crime, Harry sente seu sangue gelar. Anna, a mulher da noite passada, foi encontrada morta em sua cama. Tudo leva a crer que fora suicídio, mas Harry não acredita nessa teoria. Confuso, ele começa a desconfiar de si mesmo. Seria possível ele ter matado Anna?
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"A Casa da Dor" é o quarto livro da série policial Harry Hole escrita pelo autor norueguês Jo Nesbø. O terceiro volume – Garganta Vermelha – também foi publicado, mas o livro passou despercebido em minha pesquisa. Sempre descubro que “comi bola” tarde demais.
À primeira vista as histórias parecerem independentes, mas os fatos ocorridos no livro anterior se mostraram importantes durante a leitura. Nosso protagonista, o detetive Harry Hole, ainda não conseguiu se desligar de seu último caso. As consequências dessa investigação passada é trazida à tona e os eventos de A Casa da Dor acabam interligados com os do volume que o precede. Isso atrapalhou o entendimento da trama? Não exatamente, mas eu me senti um tanto alienada por não conhecer o quadro completo. Acredito que seja mais interessante ler a série na ordem de publicação, pelo menos dos livros que temos disponíveis aqui.
A Casa da Dor apresenta duas investigações paralelas que desafiam o leitor, pois Jo Nesbø nos induz ao erro. Em vários momentos somos levados a acreditar que o caso estava se resolvendo, mas logo em seguida o autor revela novas informações que alteram o rumo da investigação. Há reviravoltas dentro de reviravoltas, e quando percebemos estamos perdidos em um emaranhado de fatos e indagações. Há muitos detalhes a serem observados, o que exige um pouco mais de atenção do leitor.
O autor não faz uso de cenas de extrema violência com o intuito de chocar e atrair o leitor. A trama tem um desenvolvimento voltado à coleta de pistas, inquirição de testemunhas e análises de provas. Também encontramos todos aqueles clichês comuns nos romances policiais.
Apesar do desfecho dos dois casos ter me surpreendido, não foi algo que mexeu com meus nervos. A conclusão ocorre como resultado da investigação policial. Esse tipo de desfecho é mais plausível, no entanto oferece pouca emoção. Eu gosto mesmo é de sangue!
A Casa da Dor é um romance policial denso, com uma trama inteligente e tecida de forma a deixar o leitor intrigado até a última página.
Nesbø, Jo. A Casa da Dor. Record, 2009. 478 p. (Harry Hole, Vol.4)