Tudo aquilo me dava a sensação de que nem passava pela cabeça da minha família que eu tinha vontade própria. Isso me chateava, mas eu sabia que não ia poder deixar isso claro no futuro. Vontade era um luxo que não podíamos ter. Éramos movidos à base de necessidades.
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Illéa, um país que emergiu das ruinas do que outrora fora os EUA, abriga uma nação reprimida por duras leis e pelas diferenças sociais. A população é dividida em castas, onde a posição na escala social é proporcional à condição de vida… quanto mais elevado o valor da casta, maior a pobreza.As colônias rebeldes que odiavam Illéa investiam em ataques cada vez mais violentos ao palácio. Para elevar o moral da nação, os príncipes de Illéa casavam-se com plebeias. Em um processo chamado A Seleção, uma jovem com idade entre dezesseis e vinte anos de cada província teria a oportunidade de um dia se tornar rainha. Para essas 35 garotas, a Seleção era a única chance de mudar de vida.
America Singer é uma garota da casta Cinco – nível dos artistas – e sua família vive na corda bamba. Para a mãe de America, a Seleção trazia a perspectiva de um futuro melhor. Mas ela não estava interessada em entrar na disputa pela coroa. Havia coisas que America amava e não estava disposta a abrir mão de nenhuma delas. Além disso, ela está apaixonada…
Faz dois anos que America esconde seu namoro com Aspen. Um sonho de rapaz, mas proibido para ela. Aspen é de uma casta inferior, um Seis, e o relacionamento não seria algo fácil de manter.
Apesar de apaixonado, Aspen é orgulhoso. Não conseguiria viver com a culpa de arrastar America para uma vida repleta de fome, frio e medo. Pensando em tirar esse peso da consciência, Aspen a encoraja a se inscrever para a Seleção.
Acreditando que jamais seria escolhida, America concorda em participar do evento. Todavia, sua beleza simples e etérea a coloca entre as 35 sorteadas que lutarão pela coroa. Ela terá que abandonar o rapaz que ama, seu lar e sua família para entrar numa competição que nunca desejou participar.
America não sente simpatia pelo príncipe Maxon e parte para o palácio convencida de que odiará tudo que está por vir. Ela julga o príncipe um rapaz superficial e arrogante. Mas, então, algo inesperado acontece… Ao conhecer melhor Maxon, America se surpreende com o rapaz doce e compreensivo que ele é.
Inicia-se uma disputa ferrenha pelo coração do belo príncipe Maxon, e America está no centro do tabuleiro desse jogo. Mas será que ela está preparada para abandonar o passado e lutar por um futuro que jamais ousou sonhar?
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A Seleção, primeiro volume da série homônima de Kiera Kass, foi uma leitura muito gostosa. A narrativa fluida e envolvente fez toda a diferença. Leitura leve e divertida.O romance é classificado como uma distopia, mas o enredo não é consistente o bastante para destacar A Seleção no gênero. Sim, a história apresenta os elementos distópicos clássicos, mas o foco é totalmente diferente.
Mostrar o quanto um sistema de governo pode ser repressor não é o objetivo original do romance, isso ocorre de forma secundária. Aqui, a situação do povo é abordada com o objetivo de montar um cenário para descrever as castas e mostrar como o príncipe Maxom ignora a situação das classes mais baixas da nação. America apresenta ao príncipe uma realidade completamente diferente da que ele conhece. É muito gostoso acompanhar o “despertar” de Maxon para as injustiças que ocorrem em seu país.
Achei interessante a estrutura social que a autora criou. A sociedade é dividida em castas e as pessoas são praticamente segregadas dentro do nível que ocupa nesse sistema. Dividida entre Um e Oito – onde Um representa o status social mais elevado e Oito o mais baixo – observamos uma divisão de classes que define a ocupação e os ganhos de cada indivíduo.
Os personagens são carismáticos, e America é uma heroína de personalidade forte. Mas o livro não está livre dos clichês. Acompanhamos o clássico triângulo amoroso dos romances YA. Maxon se revela o príncipe dos sonhos de qualquer garota e me apaixonei por ele logo de cara. Agora, Aspen, não cheira e nem fede pra mim. Maxon é meu queridinho e pronto.
Gostei do livro. Foi praticamente impossível fazer outra coisa, a não ser acompanhar a disputa de America Singer na seleção da próxima princesa de Illéa.
*P.S: O livro está repleto de erros, entretanto não posso levá-los em consideração aqui. Li a prova oferecida pela editora, onde o texto ainda estava em fase de revisão.
Cass, Kiera. A Seleção. Seguinte, 2012. 361 p. (A Seleção, Vol.1)