As mãos de Viktor possuíam a prerrogativa de glorificá-la, mas sua ascensão não era desprovida de humilhação. Se ela fosse sinceramente cristã, poderia afirmar que ele era capaz de fazê-la encontrar com Deus e com o Diabo, ou em cima ou embaixo, mas jamais parava na metade do caminho. O meio-termo, o purgatório, inexistia.
Pág. 595
~~~*~~~
Irene Hargensen nasceu em berço nobre e foi educada para ser uma dama da sociedade. Filha do Barão de Birminghan, um homem sem escrúpulos e capaz de manipular a própria família em proveito próprio, Irene cresceu em um lar aristocrático e frio. Assim, se tornou uma mulher pedante e autoritária. Por viver no seio de uma família com laços afetivos frágeis, Irene cultiva sentimentos de desprezo pela mãe obtusa e rancor pelo pai ambicioso. A única pessoa que amava profundamente era seu irmão, Heinrich Hargensen, um rapaz profundamente amargurado que procurou conforto nas drogas e nos braços de prostitutas.Heinrich mexeu com quem não devia e foi brutalmente executado. Agora, Irene havia perdido a única pessoa importante em sua vida. Corroída pelo ódio, desejava apenas vingança. Mas para isso, precisa encontrar o assassino de seu irmão. Por uma coincidência do destino, Irene descobre que Viktor Morgan – um perigoso mafioso que mantém uma empreiteira como negócio de fachada – pode ajudá-la.
Viktor acredita que ser temido é a única forma de conseguir respeito e, para isso, comanda o ramo britânico da máfia com mãos de ferro. Ele é letal para os que o traem, mas consegue ser bondoso e amigo com quem lhe é leal.
Viktor é um homem ganancioso que, para alcançar o segundo posto da Máfia Russa, se casou com a filha do chefe. Um casamento sem amor, mas com certa dose de carinho… até a chegada da aristocrata Irene Hargensen em seu escritório.
Ele não imaginava o que uma mulher da nobreza poderia querer com ele, mas sabia de uma coisa… seja o lá o que ela pedisse, ele daria, mas Irene teria que pagar um preço alto, talvez alto demais para uma dama. Entretanto, Irene se submeteria a qualquer coisa para saciar sua sede de vingança.
Mas Viktor não contava com os ardis de Irene. Ela era uma mulher sensual, envolvente e que escondia segredos obscuros. Ao mesmo tempo que excitava sua curiosidade, Irene deixava Viktor confuso. Nenhuma mulher o fez sentir-se vulnerável, mas Irene tinha o poder de enfraquecê-lo. Por ela, ele faria concessões e realizaria todos seus desejos. Viktor a queria ao seu lado, no seu mundo de crimes e imoralidades.
Em meio a mágoas, devassidão, crime e nobreza, Irene e Viktor terão seus limites testados. Um jogo de poder e interesses, onde a paixão pode se tornar extremamente mortal.
~~~*~~~
Entre a Nobreza e o Crime (EANEOC) – primeira temporada – de Jane Herman é um romance sensual que me surpreendeu de várias maneiras. O livro foi concebido como uma fanfic da saga Crepúsculo, publicada no Nyah Fanfiction, mas foram pouquíssimas as situações que me fizeram lembrar da obra que inspirou Jane Herman.Faz tempo que um livro não me deixava com sentimentos tão contraditórios. Enredo interessante, cenas bem construídas e personagens repletos de matizes. Aliás, os protagonistas são perturbadores. Fechei o livro sem saber quem odeio mais, Irene ou Viktor.
Irene é uma aristocrata, filha de um barão com grandes pretensões politicas, e ostenta seu status social por onde passa. Sua ascendência nobre é exalada por todos os poros. Ter um porte altivo é algo natural para Irene. Ela não finge ser o que não é, não tenta camuflar seu desprezo ou demonstrar compaixão. Porém, a sinceridade pode ser uma via de mão dupla. Irene tem a língua ferina, e sua capacidade de ser venenosa atinge o leitor. Em muitos momentos odiei Irene e confesso que terminei o livro sentindo certo desprezo pela pessoa que ela é. Irene é pedante ao extremo, dominadora e a necessidade de estar sempre no comando faz com que manipule as pessoas sem dó nem piedade. Mas o maior defeito de Irene é a indiferença. Ela tem talento para ser a primeira-dama do crime.
Viktor é um homem que toda mulher sã deveria se manter longe. Segundo no comando da Máfia Russa, Viktor mexe com o pior do submundo do crime… assassinato, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e mulheres, prostituição, estupro, pedofilia e mais o que o leitor puder imaginar. O personagem é tudo que uma mulher deseja na cama, mas que se tivesse juízo manteria longe no resto do tempo. Viktor é o típico macho alfa… bonito, dominador e possessivo. Mas quando o criminoso é revelado, vemos como ele é violento e cruel. O comportamento de Viktor é algo esperado de um mafioso, porém esse lado perverso me deixou desconfortável. Viktor não provoca suspiros, ele traz sentimentos de apreensão e insegurança.
As cenas de sexo são descritas de forma sensual, mas não são explícitas em demasia. Sexo excitante e com uma aura de perigo. O romance é o tema que exerce maior apelo na história; o submundo do crime, o relacionamento familiar e os fantasmas do passado que atormentam os personagem ocupam um papel importante no enredo.
A narrativa de Jane Herman é envolvente, mas o emprego de algumas palavras excessivamente formais me causou certa estranheza. Quem acompanha o blog sabe que eu gosto de escritas elegantes e mais polidas, porém o emprego de palavras, como – vituperar, ojeriza, ósculo, apologética, concitando e etc. – acabaram atravancando a leitura. Confesso que não consigo achar excitante ler algo como “ósculos molhados”.
Gostar ou não da linguagem escrita é algo muito pessoal, o ideal é que cada leitor tire suas próprias conclusões.
Herman, Jane. Entre a Nobreza e o Crime. Editora Lio, 2012. 671 pág. (Entre a Nobreza e o Crime, Vol. 1- primeira temporada)