Sentia que, pela primeira vez em sua vida, o tempo passava mais rápido do que desejava e ele não podia mais se refugiar no sonho, como nos anos anteriores. A roda da fortuna tinha começado a girar e dessa vez quem jogou os dados não tinha sido ele.
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Em 1943 os ventos da guerra empurravam o mundo ladeira abaixo. Max tinha 13 anos quando seu pai, relojoeiro e inventor nas horas vagas, anunciou seu desejo de se afastar da cidade e da guerra. A família iria se mudar para a costa, num vilarejo às margens do Atlântico.Ao chegar à nova cidade Max teve certeza de que algo estranho acontecia ali. A nova casa era rodeada de mistérios… um gato esquisito estava sempre observando a família com seus olhos amarelos e, no pátio dos fundos, um sombrio jardim de estatuas se escondia entre o matagal selvagem. Além disso, Alicia – irmã mais velha de Max – é assombrada por sonhos perturbadores, enquanto a outra irmã, Irina, ouve vozes sussurrantes.
Após um terrível acidente, os pais de Max são obrigados a se ausentar da casa por alguns dias. Na companhia de seu novo amigo, Roland – morador da pequena cidade litorânea – Max e Alicia mergulham numa aventura de arrepiar. Um navio naufragado às margens do farol esconde um terrível segredo… Mas o momento de revelar o que está escondido nas profundezas de seus destroços se aproxima.
Enquanto os adolescentes exploram o naufrágio e tentam desvendar os mistérios que rodeiam a casa de Max, um diabólico inimigo manifesta seu desejo de vingança. Não há como fugir do Príncipe da Névoa. Ele é capaz de conceder qualquer desejo, mas cobrando um preço alto demais…
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O Príncipe da Névoa – primeiro romance publicado de Carlos Ruiz Zafón – marca o inicio da Trilogia da Névoa e de uma série de romances juvenis, entre eles – Marina – que já foi resenhado aqui no blog. Com uma narrativa agradável e descomplicada, o autor brinca com o real e o sobrenatural.Ambientado em 1943, no auge da Segunda Guerra Mundial, Zafón leva o leitor até um pequeno vilarejo à beira-mar. O cenário possui uma aura sombria, que flerta com o terror, e o suspense apresentado causa certa apreensão.
O início do livro é muito interessante, mas o elemento sobrenatural inserido na história não faz muito sentido, pelo menos para mim. Apesar da trama ser inteligente, existem lacunas na construção que deixaram a motivação, o objetivo e a origem do vilão sem respaldo. Bem, como esse é o primeiro livro da série, ainda tenho esperanças de que o autor apare as arestas nos próximos volumes.
O Príncipe da Névoa tem uma boa história, porém fica claro que faltam “peças” para compor um todo mais crível. Um início de série que deixa muito a supor, mas que instigou minha curiosa para saber o que virá a seguir.
Zafón, Carlos Ruiz. O Príncipe da Névoa. Suma de Letras, 2013. 180 p. (Trilogia da Névoa, Vol. 1)