Mortes violentas são um espetáculo público, e essa faceta da profissão que eu exercia conflitava violentamente com minha sensibilidade. Tentava ao máximo preservar a dignidade das vítimas. Pouco podia fazer, porém, depois que a pessoa se tornava um caso, ganhava um número, transformava-se num item protocolado que circulava de mão em mão. A privacidade acabava, como a vida.
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As noites de sexta-feira na cidade de Richmond são marcadas pelo terror. Um assassino frio e metódico está matando por prazer… Duas mulheres já foram vítimas desse psicopata, mas ele está longe de parar com a carnificina.A Dra. Kay Scarpetta – legista-chefe do departamento de medicina legal – precisa descobrir alguma pista que leve ao assassino, antes que ele mate novamente. Ela sente pavor do período da meia-noite às três da manhã, quando a sexta-feira se transforma em sábado e a cidade está inconsciente. Porém, mais uma vez, seus medos se concretizaram… Ela foi chamada para analisar a cena de mais um assassinato. “O Sr. Ninguém”, como ela o chamava, havia atacado outra vez.
A cena do crime possuía características idênticas, os vestígios encontrados no corpo eram os mesmos e sua assinatura estava lá… não havia duvida que era obra "dele”. As mulheres mortas não podiam lhe dizer nada, cabia a Kay descobrir pistas que conduzisse a polícia até um suspeito. Não havia nada que ligasse as vítimas, e o que Kay descobriu não foi de grande ajuda até o momento.
Como se não bastasse ter um Serial Killer a solta, Kay terá que enfrentar o assédio da imprensa e trilhar seu caminho num ambiente dominado pelos homens. O trabalho de Scarpetta fica ainda mais complicado quando ela percebe que alguém está tentando destruir sua carreira.
De forma inesperada, o último assassinato forneceu um dado interessante, e talvez, imprescindível à polícia… Tal informação revela uma característica única do assassino, podendo atrai-lo de forma indesejada até Kay Scarpetta.
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Post Mortem – primeiro volume da série policial Scarpetta de Patricia Cornwell – foi uma releitura excelente. Li esse título, pela primeira vez, anos antes de me dedicar ao blog. Lembrava vagamente da história e fiquei muito contente por descobrir que minha opinião não mudou.Em Post Mortem, a Dra. Kay Scarpetta auxilia na investigação de múltiplos assassinatos. Um serial Killer está a solta e os achados durante a necropsia das vítimas são decisivos para a investigação.
Cornwell descreve bem os contornos do caso policial exposto na trama, porém a narrativa em primeira pessoa limita um pouco a visão do quadro geral sobre a investigação. O leitor é colocado em contato com um ramo investigativo que pode ser a peça chave para solução do crime… o exame do corpo e a coleta de vestígios deixados no mesmo.
O foco do livro é a investigação, porém a autora dá um vislumbre do convívio familiar, intimo e profissional de Scarpetta. Além de dedicar-se a caçar um serial killer, ao longo do livro, a médica-legista precisa lidar com relacionamentos espinhosos e retaliações em seu trabalho.
Gosto de Scarpetta como profissional, mas sou arredia à sua personalidade. Ela é uma legista competente e, apesar de demonstrar crença em si mesma, não se impõe nos momentos decisivos. Está sempre evitando conflitos, não responde a acusações ou críticas injustas à altura e, quando o faz, é numa forma de defesa. Falta firmeza na personalidade de Kay. Tive a mesma impressão ao ler “Livro dos Mortos” – 15º volume da série Scarpetta.
Uma curiosidade… Post Mortem foi originalmente publicado em 1990 e os recursos médicos e tecnológicos apresentados no livro são condizentes com a época. O exame de DNA é algo relativamente novo e ainda visto com certa descrença, os computadores usavam o sistema operacional MS-DOS, com todos aqueles comandos horríveis. Achei sensacional ver como a polícia trabalhava sem toda a parafernália que temos hoje. Esqueçam os recursos que vemos em CSI. rsrs
Post Mortem é um thriller com um ritmo intenso e uma estrutura envolvente. Uma ótima pedida para os fãs de literatura policial.
Cornwell, Patricia. Post Mortem. Paralela, 2012. 304 p. (Scarpetta, Vol. 1)