“Ninguém morre por ser malvado,/ Morre por estar disponível".”
P. 212
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Quando a bela e rica Philippa Balfour desaparece, a polícia de Edimburgo se vê à frente de um caso complicado. Filha de um proeminente banqueiro e namorada de um playboy, a jovem desapareceu sem deixar rastros. O inspetor-detetive John Rebus e a sargento-detetive Siobhan Clarke foram designados para o caso. Mas o possível sequestro ou homicídio de Philippa se mostra um beco sem saída.Além de enfrentar o assédio da imprensa, a equipe de investigação também terá que trabalhar sob a pressão do tempo… cada hora é imprescindível para encontrá-la ainda com vida.
Buscando pistas entre os possíveis relacionamentos da vítima, Siobhan fica responsável pela análise de seu computador. Entre os e-mail de Philippa, Siobhan descobre uma bizarra troca de correspondência. Tudo indica que a vítima estava participando de um jogo de charadas on-line, administrado por alguém que se intitula o Enigmista. Para rastrear esse indivíduo, Siobhan passa a jogar com o Enigmista, colocando em risco sua carreira e a própria vida.
Paralelamente, uma miniatura de caixão contendo uma boneca é encontrada nos arredores da casa paterna de Philippa. Ao investigar essa pista macabra, Rebus descobre que, nos últimos trinta anos, outros caixões foram deixados em locais próximos a possíveis crimes. Não existe um padrão ou provas que liguem os casos do passado com o de Philippa, mas Rebus confia em sua intuição e está convencido de que existe uma conexão.
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O Enigmista – romance policial do escocês Ian Rankin – é o 12º volume da série protagonizada pelo detetive-inspetor John Rebus. Esta, é mais uma série cuja ordem de publicação não foi respeitada. Em relação às sagas policias, isso está se tornando cada vez mais comum. Há mais dois romances da série publicados, mas o ideal é ler O Enigmista primeiro.Apesar da história ser independente, o leitor perceberá que existem situações na trama que tiveram origem em livros anteriores. Não é algo que atrapalhe o entendimento do enredo, porém ofusca a leitura.
A história transcorre em Edimburgo – capital escocesa –, onde a descrição do cenário e vislumbres da história da cidade conferem certo charme à trama. Gosto de policiais que conseguem me envolver na atmosfera do crime em questão, tanto na investigação como na vida pessoal dos envolvidos. Ian Rankin, faz isso muito bem. O autor não se limita à ação policial, ele também desenvolve o psicológico e conflitos existenciais dos personagens.
Rebus é um detetive dos “bons”. Politicamente incorreto… amargurado, beberrão – flertando perigosamente com o alcoolismo –, é arredio a hierarquia e segue suas próprias regras. Por esse motivo, é visto como um policial rebelde por seus superiores e obstinado pelos colegas. John Rebus não é nenhum galã, pelo contrário, é um homem de meia-idade, com cabelos cinzentos, papada e “pneuzinho” na barriga. Mas é exatamente isso que o tornou real aos meus olhos.
Em O Enigmista, Rankin traça duas linhas investigativas para o mesmo caso. De uma lado, temos Rebus seguindo as pistas relacionadas às miniaturas de caixões, do outro, acompanhamos a investigação de Siobhan sobre o envolvimento da vítima com o Enigmista, um jogador de games on-line. Ambas linhas são bem desenvolvidas, sendo que nenhuma pista é negligenciada pelos policiais.
A trama dá tantas voltas, que faltando apenas 40 páginas para o final do livro, eu ainda não fazia a menor ideia de quem era o culpado pelo crime. Depois veio a surpresa… o desfecho é tão clichê, mas tão clichê, que nem me passou pela cabeça tal possibilidade. O autor conseguiu desviar minha atenção do óbvio. Ainda não me perdoei por isso.
O Enigmista não é um thriller, é um romance policial com um desenvolvimento mais lento e compassado, mas que manteve-me envolvida até o fim. Aqui, o que impera é o clima: com os pubs decadentes, as paisagens fascinantes de Edimburgo e suas ruas repletas de história. Uma ótima pedida para fãs de policiais com uma abordagem mais intimista dos personagens e com investigações bem descritas.
Rankin, Ian. O Enigmista. Companhia das Letras, 2010. 544 p. (Inspetor Rebus, Vol. 12)