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Digno de Nota

quinta-feira, 2 de maio de 2013

“A FILHA DA FEITICEIRA” (Paula Brackston)

Lentamente, Tegan ergueu os olhos, e pude ver a expressão maravilhada em seu rosto. Era uma expressão que só se poderia encontrar naqueles que são jovens o bastante para ter mentes abertas como os oceanos e os corações ansiosos por provas de que magia existe. p. 43
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Elizabeth Anne Hawksmith, ou simplesmente Bess, vive com sua família no vilarejo de Batchcombe, Wessex. Sua vida era pacata, passava os dias trabalhando na colheita e cuidando dos animais na companhia dos irmãos. Mas em 1627 o bem-estar de espírito do lugarejo foi abalado pela chegada da peste. Dor e morte invadiram lares e dizimou famílias inteiras.
Bess viu seu pai, seu irmão e sua amada irmãzinha morrerem. Mas ela não estava imune à doença, e também sucumbiu à febre. Porém, Bess não morreu e saiu, inexplicavelmente, sem nenhuma marca da peste.

Bess vê sua vida desmoronar quando um magistrado, juiz e caçador de feiticeiras chega ao vilarejo. Sua mãe foi acusada de bruxaria e sentenciada à morte. Antes de ser enforcada, ela pede para que Bess procure Gideon Masters, pois só ele pode salvá-la do mesmo destino.
Seguindo o conselho de sua mãe, Bess pede o auxílio de Gideon. Mas o homem não está interessado em protegê-la, ele lhe oferece os meios para que possa se defender. Assim, Bess é iniciada nas artes da feitiçaria. Com o poder que lhe foi oferecido, ela não só sobreviveria ao caçador de bruxas como seria imortal. Mas a vida eterna concedida lhe custaria caro…
Gideon não salvou a vida de Bess por bondade, ele anseia que ela permaneça a seu lado para sempre. Bess conhece a maldade que reside no coração desse homem, e não deseja compartilhar sua vida com alguém tão vil. Então… ela foge.

Nos dias de hoje, aos 384 anos, Elizabeth leva uma vida sossegada. Mas sempre vigilante. Passa os dias cuidando de sua horta e ganha a vida vendendo ervas e óleos aromáticos na feira. Mas sua vida solitária é interrompida por Tegan, uma adolescente que conquista o coração da cansada feiticeira. Mesmo sabendo dos riscos, Elizabeth faz de Tegan sua aprendiz e passa a ensiná-la os caminhos da feitiçaria. Mas nesse processo, acaba evocando os demônios de seu passado…
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Bruxas, divindades pagãs e rituais de magia sempre exerceram grande atração sobre mim. Quando soube do lançamento de A Filha da Feiticeira da autora Paula Brackston… meu olhos brilharam. Não só pelo tema, mas também pela ambientação histórica que a trama oferece.
A Filha da Feiticeira explora a magia wiccana e o respeito pelas forças da natureza, mas também fala de feitiços malignos. Claro que elementos tradicionais dos romances YA estão presentes, como: a fantasia em torno da magia – em alguns momentos com certa afetação –, e a eterna luta do bem contra o mal. Mas aqui, a magia tem um apelo diferente, pois não surge de poderes sobrenaturais vindos do nada. Ela é invocada, ritualística, precisa ser aceita pelo iniciado nas “artes” e há um preço a ser pago. A magia é a alma da trama, e se não fosse por uma falha aqui outra ali, a história seria perfeita.
Fiquei encantada com a escrita da autora... Detalhada, mas sem ser cansativa e com belas descrições do ambiente. O texto se intercala entre o tempo presente – narrado em primeira pessoa na forma de diário –, e relatos do passado – narrados em terceira pessoa. Uma particularidade interessante… os capítulos narrados no presente são demarcados por quatro Sabbats celebrados a cada ano pelos bruxos – Imbolc, Beltane, Litha e Samhain; e cada anotação do diário é iniciada descrevendo a fase lunar do dia. Achei incrível o cuidado com os detalhes.

Meus momentos preferidos foram os transcorridos no passado, pois é quando Bess nos conta parte de sua trajetória enquanto foge de Gideon. Acompanhamos Bess no ano de 1628, apogeu da caça às bruxas, um período sombrio de perseguição social e intolerância. Em seguida, à Londres do século XIX, no mesmo período que ocorreram os ataques de Jack, O Estripador. Por fim, somos levados a Passchendaele, em 1917, durante uma campanha da Primeira Guerra Mundial.

Apenas senti falta de alguns pormenores sobre a existência de Bess. Os saltos no tempo são muito espaçados e as lacunas geram algumas dúvidas. Por exemplo… Brackston não revela ao leitor o período logo após Bess ser iniciada como feiticeira, e ficamos sem saber como foi essa transição ou adaptação à nova condição. Eu gostaria muito de saber como ela encarou o poder que adquiriu e como sua magia se desenvolveu. Outro detalhe que me causou incômodo, foi a ingenuidade exagerada de Bess. Não consegui me convencer que uma mulher que atravessou séculos fugindo de seu perseguidor, não enxergasse o mal bem à frente de seu nariz!

A Filha da Feiticeira é um romance que expõe, através da protagonista, a obrigação de responder pelas próprias escolhas e uma batalha íntima contra o poder de sedução do mal. Eu gostaria de acreditar que existe magia na natureza, que podemos nos conectar aos elementos e invocar seu poder. E você?

Brackston, Paula. A Filha da Feiticeira. Bertrand Brasil, 2013. 448 p.
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