Se várias coisas ruins acontecem na vida da gente, as pessoas começam a se perguntar se você as atraiu, se tem um imã que atrai problemas ou perigos. Começava a pensar assim. (…) eu me envolvia demais nos casos, e me expunha ao perigo. Já passara por riscos anteriores, que poderiam ter me mandado ao encontro do Criador.
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Apesar de usar vários pseudônimos, a autora Beryl Madison chamou atenção indesejada. Há meses estava sendo assediada, e recebendo ligações com ameaças de algum maníaco. Ela estava aterrorizada, mas não havia como fugir para sempre… Beryl foi assassinada com requintes de crueldade.Agora, a Dra. Kay Scarpetta – legista-chefe do departamento de medicina legal – está diante de um caso inquietante. As pistas encontradas pareciam desconexas, pois apesar dos sinais de luta na cena do crime, não havia sinais de arrombamento. Aparentemente, Beryl deixara o assassino entrar em sua casa. O único vestígio que poderia direcionar a investigação – uma fibra incomum de cor alaranjada – se mostrou um beco sem saída.
Mas quando Cary Harper – um famoso romancista que desempenhou o papel de protetor de Beryl Madison – fora assassinado, Kay Scarpetta e o detetive Pete Marino percebem que ambas as mortes podem estar relacionadas. Mas todas as hipóteses se mostram infundadas e vão sendo sucessivamente descartadas.
Até que a Dra. Scarpetta recebe a visita de um rapaz excêntrico, que afirma “enxergar” a aura do assassino. Kay percebe que o rapaz possui graves problemas psiquiátricos, mas ele fornece tantos detalhes dessa pessoa, supostamente imaginária, que decide investigar.
Ao seguir essa última pista, Kay e Marino descobrem a identidade do criminoso. Ele agora tem um nome, mas ainda está à solta. E já tem uma nova vítima como alvo…
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Corpo de Delito – segundo volume da série Scarpetta de Patrícia Cornwell – é um romance policial que envolve o leitor pela simplicidade da narrativa e fluidez. Apesar de ser repleto de detalhes, o livro não exige muito poder de dedução do leitor, pois as “peças” que compões o caso policial são apresentadas de forma gradativa e fácil compreensão.Confesso que tenho certa resistência com tramas policiais narradas em primeira pessoa. Sou curiosa demais e gosto de saber o ponto de vista de todos os envolvidos. O tipo de narração usado por Cornwell limita o acesso do leitor aos pensamentos, descobertas e conduta profissional de outros personagens ligados ao caso. Mesmo tendo o detetive Pete Marino encabeçando a investigação, suas descobertas estão sempre ligadas à protagonista. A evolução da trama se torna dependente da participação direta de Kay Scarpetta. Sou apaixonada por thrillers que focam a medicina forense, porém não me convence a ideia de uma médica-legista desvendar – praticamente sozinha – os meandros de um crime.
Em Corpo de Delito, Cornwell dá uma visão mais intimista de Scarpetta. A autora sai um pouco do campo profissional e introduz o leitor na vida particular de Kay. Temos um vislumbre de seu passado, relacionamento familiar e estado emocional. Comentei na resenha de Post Mortem que falta firmeza na personalidade de Kay, e continuo achando, porém nesse volume ela se mostrou mais decidida.
Agora, Pete Marino, é um personagem que me deixa dividida… Ora sinto profunda antipatia, ora sinto apreço. Policial metido a “machão”, intolerante e homofóbico. Mas também é dedicado e zela pelo bem-estar de Kay.
O enredo é envolvente, porém há uma carência de cenas de ação. Mas essa característica não desabona em nada o livro, pois a autora teceu uma história muito interessante.
Gostei muito de Corpo de Delito, e acredito que os fãs de policiais também vão curtir bastante a leitura. Ansiosa para ler o próximo volume da série, Restos Mortais.
Cornwell, Patricia. Corpo de Delito. Paralela, 2013. 293 p. (Scarpetta, Vol. 2)