Se você deixa a esperança entrar, ela toma conta de você. Ela se alimenta de suas entranhas e usa seus ossos para escalar e crescer. Finalmente, ela se torna a coisa que são seus ossos, que te mantém firme. Que te segura até você não saber mais como viver sem ela. Arrancá-la de você ia te matar por completo.
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(Pode conter spoiler para quem não leu Destino e Travessia)Na "Sociedade" o destino não é definido pelo acaso, e sim, pela mão de outrem. Tudo é determinado por indícios de verdade, possibilidades de um fato...probabilidades. As pessoas vivem em um agrupamento metódico, tendo em comum apenas uma série de eventos pré-programados e monitorados. Marionetes humanas ceifadas de vontade própria… mas não por muito tempo. Chegou a hora de se libertar das amarras, de conquistar o livre-arbítrio.
Cassia Reyes é uma Classificadora da Sociedade na capital da Central, mas ela tem um trabalho a executar para a Insurreição. Por fora, ela é uma garota comum da Sociedade, por dentro, uma rebelde.
Então, quando menos esperava, Cassia foi solicitada para fazer uma classificação às pressas. Logo reconheceu a importância daquele evento, afinal, a Sociedade jamais faria algo inesperado… desorganizado. A insurreição havia começado.
Enquanto isso, Xander Carrow está infiltrado no Departamento Médico da Província de Camas. Durante uma celebração de Boas-vindas – a cerimônia que registra o nascimento de um bebê – Xander também vê o primeiro sinal de como a rebelião teria início. A Praga já estava entre eles…
Fora do território da Sociedade, Ky Markham serve à Insurreição como piloto. Geralmente, suas missões consistem em entregar mensagens para os agentes infiltrados na Sociedade. Mas logo, suas incursões seriam mais perigosas e de grande importância. Os rumores da existência de uma Praga se mostraram verdadeiros. A partir de agora, ele deixaria de entregar mensagens e a assumiria a missão de levar a cura para a população afetada…
A Praga desestabiliza a Sociedade. A doença enfraquece o governo totalitário que eles tanto querem derrubar e chega o momento de dar o golpe final. A Insurreição ganha força, mas uma calamidade se avizinha. Cassia, Ky e Xander terão um árduo caminho a percorrer, antes que a possibilidade de escolher seu próprio destino se torne real.
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Conquista é o terceiro romance da trilogia Matched escrita por Ally Condie. Iniciei a leitura desse último volume sem muitas expectativas, afinal esperar desfechos apoteóticos costuma causar desapontamentos. Felizmente, Conquista não me decepcionou.A trama distópica é interessante e possui algumas diferenças em relação às séries do gênero que andam fazendo sucesso. A autora criou um mundo pós-apocalíptico com regras e comportamento social próprios e, apesar do assunto não ser tão aprofundado, ela conseguiu transmitir sua mensagem de forma clara. A "Sociedade" castra e coage, mas tudo é realizado sob o disfarce do que é melhor para o coletivo.
Em Conquista, Cassia e Xander estão infiltrados na Sociedade, cada um agindo em favor da Insurreição em uma Província. Já Ky, está servindo à Insurreição diretamente, como um piloto de suas forças militares. Aqui, acompanhamos o desenrolar da história sob os pontos de vista dos três protagonistas, já que eles estão separados fisicamente. Gostei muito dessa característica, pois conseguimos acompanhar as repercussões das ações dos rebeldes contra a Sociedade por vários ângulos… Através de Xander, vemos os efeitos da praga, com Ky acompanhamos os movimentos da Insurreição, e Cassia nos mostra como a estrutura social foi a afetada durante o enfraquecimento do poder da “Sociedade”.
Os meandros das operações executadas pela “Insurreição” sobre a “Sociedade” e seus efeitos políticos poderiam ter sido melhor explorados, mas não ter encontrado pontas soltas de grande valor compensou essa falha. De certa forma, o enredo é simples, e por esse motivo menos suscetível a brechas. Assim, não há grandes revelações ou reviravoltas inesperadas nesse desfecho. É tudo muito “sequinho”, com o objetivo de arremate mesmo.
A narrativa é belíssima, com um texto repleto de citações poéticas e delicadas. Porém, possui um ritmo mais cadenciado… sereno. Cenas de ação não é o que sustenta a série, o objetivo principal é fazer o leitor refletir sobre o livre-arbítrio, apresentando momentos de conflitos e emoção. Na verdade, Conquista dá um maior destaque à tensão gerada pelos eventos desencadeados ao longo da série.
Conquista foi um bom encerramento. É um livro de consolidação – onde as amizades são fortalecidas, alianças firmadas e ideais alcançados…
Condie, Ally. Conquista. Suma de Letras, 2013. 352 p. (Matched, Vol. 3)