— O senhor vai fazer exatamente o que eu quero – disse ela. —
Não vai discutir, não vai negociar, e vai parar de mandar à merda. Não há outra
opção. Perdi minha paciência com o senhor e, além de tudo, não gosto do senhor.
Qualquer dano que decida causar a si mesmo sendo menos do que totalmente
obediente não vai me preocupar em nada, porque, no fim, o senhor fará o que eu
quero.
p. 255
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Ava Lee é uma contadora forense que possui conexões
e habilidades que a colocam no rastro de qualquer dinheiro extraviado. A última
missão de Ava se mostrou mais complicada do que o esperado. Mesmo esgotada e com
o corpo ferido, ela não teve tempo para descansar. Outro contrato de trabalho
estava à sua espera. Dessa vez, seu sócio Tio, fora contatado por um importante empresário filipino - Tommy Ordonez – para recuperar um montante que poderia ultrapassar os 50 milhões de dólares. Um contrato irrecusável, já que a porcentagem que receberiam compensaria qualquer risco.
À primeira vista, a enorme soma havia sido perdida através
de um investimento imobiliário malsucedido. Porém, ao seguir os vestígios do
dinheiro, Ava se depara com uma sistema fraudulento de jogos online, com
escritório em Las Vegas. Na verdade, os 50 milhões haviam sido roubados por um
homem conhecido como O Discípulo.
Mas os ladrões se achavam muito espertos, e jamais imaginaram que uma “delicada” chinesa pudesse lhes causar problemas. Ledo engano… Ava estava disposta a tudo para recuperar o dinheiro de seu cliente, mesmo que isso signifique colocar sua própria vida em perigo.
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O
Discípulo de Las Vega, segundo volume da série de thriller contábil Ava Lee de Ian Hamilton, foi uma leitura danada de boa. Não consegui largar
o livro antes do final. Para quem ainda não conhece a série, a trama gira em
torno de desfalques empresariais, extravio de divisas e lavagem de dinheiro. Ava
Lee é uma espécie de espiã contábil, especializada em rastrear dinheiro e
recuperá-lo para seu legítimo dono. Os livros são independentes, mas vale a pena
ler todos os volumes lançados. Na resenha do primeiro livro da série – O Rato de Wanchai – eu comentei que havia estranhado um pouco o foco do enredo, pois nunca havia lido nada parecido. Mas todo estranhamento foi substituído por satisfação. Ava Lee se tornou, definitivamente, uma de minhas séries preferidas.
Ava é uma heroína incomum. Existe uma atmosfera de incerteza sobre a verdadeira índole da protagonista. Afinal, ela é a mocinha ou apenas mais um bandido da história? O que Ava realmente é, contadora ou mercenária? Seu trabalho não segue os caminhos convencionais, cumprir a lei não é prioridade e se necessário ela utiliza de força bruta.
Ava não hesita em usar métodos de persuasão violentos para conseguir cumprir seu contrato. Vale tudo, desde extorsão, chantagem e tortura, até mutilação. Para mim, essa é a característica mais distintiva da série. Aqui a máxima do "politicamente correto", ou questionamentos éticos não existem. Ava faz o que é necessário e ponto. Temos um vislumbre de como os negócios são resolvidos quando não se pode, ou não há tempo para esperar pelos trâmites da lei. Nem sempre os clientes de Ava são pessoas honestas, e muitas vezes deixar a polícia de fora dos negócios é a melhor saída.
A narrativa do autor é ágil e muito envolvente. Daquele tipo que nos prende por horas. O Discípulo de Las Vegas é repleto de ação, e Ava Lee entrou para minha lista de séries imperdíveis.
Hamilton, Ian. O Discípulo de Las Vegas. Benvirá, 2012. 368 p. (Ava Lee, Vol. 2)