Enquanto adormeço, tento imaginar aquele mundo, em algum lugar, sem Jogos, sem Capital. Um lugar como a campina na canção que cantei para Rue quando ela estava morrendo.
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(contém spoiler para quem não leu Jogos Vorazes) Após sobreviverem a selvageria da arena dos Jogos Vorazes, Katniss Everdeen e Peeta Mellark retornam para casa, no Distrito 12. Mas a vida deles jamais será a mesma. Agora, eles vivem na Aldeia dos Vitoriosos e seus rostos estarão sempre sob os holofotes.
Para a família de Katniss a mudança foi radical… eles moram em uma casa confortável, recebem dinheiro e nunca mais passarão fome. Mas se Katniss pudesse escolher, ela tentaria esquecer por completo os Jogos Vorazes. Fingiria que não era nada além de um sonho ruim. Mas a Capital jamais deixaria que os cidadãos de Panem esquecessem o significado dos Jogos Vorazes – um cruel lembrete de que os distritos estavam totalmente subjugados e que o levante do passado, conhecido como Dias Escuros, jamais deveria se repetir.
Porém, a vitória de Katniss e Peeta representou um desafio à organização dos jogos e ao governo totalitário de Panem. No momento em que Katniss pegou aquelas amoras envenenadas na arena, uma fagulha foi acesa...
Rumores de distúrbios nos distritos deixam o presidente Snow contrariado. Para apaziguar a situação, Katniss deve continuar seu romance com Peeta e afirmar que agiu impulsionada pela paixão. Se os distritos continuarem agitados, todas as pessoas que Katniss ama estarão correndo perigo.
Porém, seus esforços são em vão. É tarde demais para voltar atrás. Katniss e seu amuleto da sorte, o tordo, se tornaram símbolos contra a repressão.
O governo está preocupado com a influência de Katniss, pois os ânimos estão inflamados nos Distritos. Rigorosos planos são elaborados para mantê-la sob controle e apagar a chama de uma revolta. Agora, Katniss caminha sobre um campo minado e a lei do “matar ou morrer” está novamente em vigor.
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Em Chamas – segundo volume da trilogia Jogos Vorazes de Suzanne Collins – me deixou de olhos vidrados. Ainda não sei porque demorei tanto para lê-lo. A qualidade do texto de Collins é uma das características que me agradaram desde Jogos Vorazes. A narrativa é ágil, mesclando momentos de tensão, suspense e ação.
O livro é bom, não só porque o enredo é fascinante, mas porque provoca uma série de emoções. Fiquei de coração partido pela devoção sem limites de Peeta; impaciente com Katniss; revoltada pela indiferença do bando de “almofadinhas” que vivem na Capital e senti muita raiva do déspota do presidente Snow.
Confesso que em vários momentos Katniss conseguiu me tirar do sério. Ela se mostra indecisa, infantil e impulsiva demais! Não sei se Katniss é ingênua ou se faz de besta.
Mas isso não é algo de todo ruim. Se as atitudes da protagonista mexeram comigo, é porque a autora conseguiu provocar imersão… fazer com que eu interagisse com a história. Perdi as contas de quantas vezes roguei pragas ou conversei com Peeta durante a leitura.
Mas o enredo de Em Chamas não reflete apenas morte e violência. Existe uma crítica à sociedade muito clara. A autora nos fala do cerceamento do livre arbítrio, da submissão pela força, de coação e enfraquecer o estado de espírito pela humilhação. Uma curiosidade: mais alguém associou o nome da Nação de Jogos Vorazes, Panem, com a política do “Panem et circenses” – o popular pão e circo? Para mim, foi impossível não fazer a conexão.
O desfecho é de tirar o fôlego, daqueles que instiga o leitor a correr para o próximo volume. Ansiosíssima para saber o que acontece em A Esperança!
Collins, Suzanne. Em Chamas. Rocco, 2011. 416 p. (Jogos Vorazes. Vol. 2)