“O FESTIM DOS CORVOS” - As Crônicas de Gelo e Fogo (George R. R. Martin)

O medo golpeia mais profundamente que as espadas…

Arya Stark – p. 90

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(Contém spoiler para quem não leu os livros anteriores)

Em meio a rumores sobre dragões e fogo vindos de além-mar, Westeros está sob fumaça e cinzas. A batalha entre os cinco reis autoproclamados está praticamente vencida, mas a casa Lannister foi assolada pelo infortúnio. O rei Joffrey foi morto durante suas bodas e Tywin Lannister assassinado por seu próprio filho. A traição chegou a Porto Real, mas os Lannister estão dispostos a tudo para manter o Trono de Ferro. Agora o rei é Tommen, e a Rainha Regente Cersei não medirá esforços para consolidar seu reinado e manter seu filho em segurança… longe das intrigas que rodeiam a corte. Mas essa tarefa se mostrará mais difícil do que o esperado, Cersei perdeu o apoio da família e seus antigos aliados não se mostram dignos de confiança. Ela está empenhada a forjar alianças que garantam seu domínio e eliminar qualquer um que se atreva a cruzar seu caminho.

Entretanto, uma nova ameaça se aproxima pelo mar… Nas Ilhas de Ferro, após a morte de Balon Greyjoy, a Cadeira de Pedra do Mar é ocupada por um novo rei. Mais ousado e cruel, Euron Olho de Corvo planeja pilhar e dominar toda Westeros.

Doran Martell – príncipe de Dorne e senhor de Lançassolar – mantem-se fiel ao rei Tommen e a casa Lannister através do pacto forjado com a promessa de casamento entre a princesa Myrcella e seu filho Trystane. Confinado a uma cadeira de rodas, Doran é cauteloso em relação à guerra e precisa lidar com o desejo de vingança que sua própria família alimenta contra os Lannister.

Enquanto isso, Brienne, a Donzela de Tarth, percorre as estradas a procura de Sansa Stark. Ela prometera encontrar a garota e mante-la a salvo. Mas proferir promessas era fácil, o difícil era cumpri-las.
Os jovens lobos estão dispersos e continuam lutando para se manterem vivos. Bran está na vastidão Para Lá da muralha. Arya Stark viaja para as cidades livres, ao chegar em Bravos ela é acolhida no templo dos Deus de Muitas Faces. Lá, ela é iniciada na seita e é aconselhada a deixar sua antiga vida para trás, mas sua sede de vingança continua viva. Sansa Stark está vivendo no Ninho da Águia sob a proteção Mindinho, mas jamais estará totalmente segura. Está escondida sob uma nova identidade e aprendendo a lidar com as tramas da corte.

John Snow – agora Senhor Comandante da patrulha da Noite – incumbe Samwell Tarly de uma missão que parece estar além de suas forças. Sam é enviado a Vilhavelha para estudar, forjar sua corrente e tornar-se o próximo meistre da Muralha. Ele leva consigo o velho meistre Aemon, Goiva e seu bebê, mas durante sua jornada ele é alertado sobre uma antiga profecia, e Aemon lhe confere uma nova tarefa. Nascida entre o sal e o fumo, sob uma estrela sangrenta… essa pode ser a única esperança.

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O Festim dos Corvos – quarto volume da série As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin – apresenta um ritmo bem diferente dos livros anteriores. A atmosfera é menos intensa e a leitura em alguns momentos se torna morosa, mas isso se deve ao momento escolhido pelo autor para contar sua história – aquele período pós batalha, onde os combatentes estão avaliando suas perdas e replanejando suas estratégias. O leitor perceberá que esse é um volume de ligação, com a função de encadear os eventos ocorridos nos livros anteriores com o que está por vir.

Novos personagens são apresentados e alguns que já conhecemos, porém que tiveram um papel secundário nos enredos passados, tornaram-se narradores. Embora alguns protagonistas – como Cersei, Aria e Jamie – continuem em destaque, outros não aparecem ativamente e são apenas citados durante a narrativa. Tyrion, por exemplo, uma das mentes mais ágeis e perspicazes da série possui uma participação indireta. Suas ações nos livros anteriores repercutem na trama e podemos ver o resultado de tais eventos, porém ele não está presente.

O Festim dos Corvos é um livro que apresenta os resultados das estratégias, uma trama de causas e consequências, e de como as decisões tomadas pelos personagens repercutiram na política e também em suas vidas pessoais. As intrigas e conspirações fomentadas pelos Lannister provocaram “rachaduras”, alianças estão ameaçadas e a força que esta família demonstrou até o momento está se deteriorando. Um efeito inesperado, principalmente para a rainha regente Cersei. Alias, Cersei foi o grande destaque deste livro e está cada vez mais desequilibrada e impulsiva. Ô mulher odiosa…

Jaime, por outro lado, se mostra cada vez mais ponderado. Ao perder a mão da espada, ele se viu forçado a usar mais o cérebro ao invés da força bruta. Apesar de continuar sendo um homem de ação, Jaime está mais preocupado em manter suas promessas. Mas, para mim, ele sempre será o Regicida e o cara que f@ʠɘ a própria irmã.

A trama não foca somente Porto Real, e pela primeira vez temos uma visão mais ampla do que está acontecendo em outras regiões. Somos levados às Ilhas de Ferro e conhecemos um pouco mais sobre a família Greyjoy. Também somos apresentados aos Dorneses e acompanhamos um pouquinho os passos da princesa Myrcella. 

Sou apaixonada pela série, e mesmo com a evolução mais lenta deste volume, não posso deixar de reconhecer a genialidade do autor. Todas as informações se encaixam perfeitamente e aqui podemos vislumbrar os acontecimentos que estão à margem da guerra. Um livro que visa definir as ações e intenções dos envolvidos no jogo dos tronos.

Temos menos ação, mas o livro é fundamental para compor uma visão mais ampla do enredo. Em compensação, se o final for uma prévia do que virá a seguir, A Dança dos Dragões promete ser de tirar o fôlego.