— Chefe, temos outra garota morta – anunciou Zabalza.
Amaia engoliu em seco antes de responder. Zabalza tinha dito temos outra, como se fossem figurinhas de uma coleção. Aquilo estava se acelerando de uma maneira poucas vezes vista. Se o ritmo dos crimes continuasse a aumentar, o sujeito entraria em parafuso e seria mais fácil cometer um erro que permitisse apanhá-lo, porém, o preço em vidas até então seria muito alto. Já era muito alto.
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Parecia que uma força maligna e ancestral estava assombrando o vale de Navarra. Às margens do rio Baztán, corpos de meninas adolescentes estavam sendo encontrados em cenas macabras. As vítimas eram enforcadas com finas cordas, suas roupas rasgadas deixando-as expostas, seus pelos pubianos raspados e as mãos dispostas como a imagem de Nossa Senhora. Em volta dos cadáveres havia pelos de animal, vestígios de couro e rastros duvidosamente humanos. Assim, não demorou muito para a imprensa apelidar o assassino de “basajaum” – uma figura mítica guardiã dos bosques.Quando a segunda vítima foi encontrada, a inspetora Amaia Salazar teve a certeza de que estava diante de um brutal serial killer. As pistas levam a polícia até o pequeno povoado de Elizondo – um local em que as lendas e folclores regionais estão enraizados nas crenças dos moradores.
Elizondo também está presente nas lembranças de Amaia e, ao retornar para sua terra natal, os fantasmas do passado voltam a assombrá-la. Um segredo cruel e sombrio relacionado a sua infância a atormenta e está repercutindo tanto na sua vida pessoal e familiar como na profissional.
Enquanto luta para manter-se emocionalmente estável e não deixar que seus problemas pessoais interfiram na investigação, Amaia se depara com pistas que a fazem questionar-se sobre a existência de forças místicas. Seria possível que os deuses e personagem que ela sempre acreditou serem parte de lendas existam de verdade?
Amaia é cética e tenta a todo custo descartar as crendices da investigação, mas com a falta de pistas concretas vai ficando cada vez mais difícil ignorar a existência de algo misterioso influenciando o caso.
Além de ter que lidar com problemas familiares, seus traumas pessoais e uma investigação que não avança, Amaia enfrenta o preconceito de seus próprios colegas de trabalho. Como primeira mulher a se tornar inspetora de homicídios, o ciúme leva seus parceiros homens a questionarem sua capacidade de conduzir a investigação.
Agora, Amaia precisa correr contra o tempo para impedir que outras adolescentes sejam mortas e descobrirá que a realidade pode ser muito mais assombrosa do que ela poderia imaginar.
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O Guardião Invisível de Dolores Redondo é o primeiro volume da trilogia do Baztán, protagonizada pela inspetora Amaia Salazar. Um thriller policial que me cativou logo nas primeiras páginas. A trama é repleta de tensão, suspense, com uma investigação ativa e que também explora a vida pessoal dos personagens. Entretanto, existe uma particularidade no enredo que achei interessante e ousada. A autora introduziu elementos místicos, relacionados às lendas basco-navarras. Alias, o vale de Navarra – município localizado ao norte da Espanha – é um personagem a parte, com as tradições, folclores, lendas e descrições do local que a autora nos brinda.Não é comum encontrarmos esses elementos em romances policiais, principalmente nos que exploram assassinatos em série de extrema violência, pois a crueza dos crimes exige uma abordagem direta da polícia, onde qualquer tipo de distração pode desviar o foco da investigação. Por esse motivo, a introdução do sobrenatural me deixou apreensiva a princípio, pois tive receio de que o cerne do romance fosse deixado de lado em benefício do misticismo. Porém, isso não ocorre. A descrição do folclore regional e seus personagens são muito interessantes, mas participam de forma paralela ao tema principal, que são a investigação policial e os dramas pessoais enfrentados por Amaia.
A autora aprofunda-se bastante no psicológico e emocional dos personagens, principalmente os segredos relacionados à protagonista. Amaia Salazar – é um personagem sensacional! Mulher independente, apaixonadíssima pelo marido e uma excelente policial. Porém, traumas de uma infância sofrida desestabilizam sua vida particular e profissional. As descrições do que Amaia sofreu enquanto criança são angustiantes! É cruel e faz com que o leitor se envolva intensamente com os dramas que a protagonista vive.
Dolores Redondo descreve com riqueza de detalhes a cena do crime, a condição em que os corpos foram encontrados e o “modus operandi” do assassino, além de desenvolver a investigação de uma forma ampla – explorando as pistas encontradas sob o panorama forense, científico e cogitando a possibilidade do elemento místico.
Com relação ao serial killer, a autora fornece vários indícios de quem poderia ser o autor dos assassinatos, mas como alguns personagens se encaixavam no perfil, eu acabei cogitando vários como culpado. Confesso que a identidade do assassino não foi nenhuma surpresa, pois suspeitei dele em algum momento ao logo da história, porém próximo ao final eu “jurava de pé junto” que o culpado era outro. rsrs
Apesar de satisfatório, achei que o desfecho foi um pouco corrido. A motivação do assassino é compreensível, já que está relacionado a psicopatia e distúrbios comportamentais, mas estes foram apresentados apenas nas páginas finais. Para mim, faltou um pouco mais de embasamento. Mas isso não diminui meu apreço pela história.
O Guardião Invisível é um excelente thriller policial… intrigante, misterioso e envolvente. Estou ansiosa para acompanhar a próxima investigação da inspetora Amaia Salazar!
