É mais fácil matar do que curar. É mais fácil destruir do que preservar. É mais fácil demolir do que construir. Aqueles que se alimentam de emoções e ambições destrutivas, negando a responsabilidade que é o preço de exercer o poder, podem destruir tudo aquilo que todos prezam e protegem. Estejam sempre atentos.
p. 389
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Em um Reino matriarcal, onde quem governa são as mulheres e os homens são meros súditos, uma profecia anunciou a chegada de uma Rainha de grande poder. Jaenelle é essa rainha... a Feiticeira - o mito vivo.
Os Senhores da Guerra - Saetan, Daemon e Lucivar - juraram protegê-la, mas isso não impediu que Rainhas cruéis tentassem destruí-la, com o objetivo de eliminar a única rival capaz de por fim ao jugo que exerciam.
A brutalidade exercida contra a garota, havia levado o espirito de Jaenelle a abandonar o corpo. Mas seu pai adotivo, Saetan - o Senhor Supremo do Inferno - conseguiu traze-la de volta.
Porém, as maquinações de seus inimigos trouxeram a desgraça também às pessoas que se importam com Jaenelle. Lucivar quase é destruído tentando vingá-la e Daemon se perde no Reino Distorcido, se entregando à insanidade.
Agora, Jaenelle tem muitas feridas à cicatrizar, tanto na mente como na alma. Mas com a ajuda de seus amigos e pessoas que a amam, ela amadurecerá, aceitará cumprir seu destino e sua magia alçará um poder inimaginável.
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A Herdeira das Sombras - segundo volume da série Joias Negras de Anne Bishop - foi uma leitura desafiadora, em vários sentidos. No primeiro livro da série, A Filha do Sangue, somos apresentados a um mundo complexo, que abarca vários elementos que remetem às trevas. É uma história com uma atmosfera sombria, mas repleta de matizes e personagens atraentes.
O universo criado por Bishop exige certa atenção do leitor para compreendê-lo. São tantas criaturas sombrias, territórios e particularidades inseridas nesse universo que um leitor desatento pode se perder no meio do caminho. Particularmente, acho isso excelente, pois adoro ser desafiada e surpreendida por tramas que fogem do comum.
Esse livro se destaca pela transformação que os personagens sofrem, alguns amadurecem, outros tornam-se mais sombrios e há também os que regridem. Daemon, por exemplo, foi um personagem de destaque no primeiro livro. Já nessa continuação, ele ocupa uma posição secundária e quem ganha o palco é seu irmão, Lucivar.
Apesar de ter me apaixonado por Daemom, eu achei ótima essa mudança de foco. Lucivar merecia mais atenção e, ao conhecê-lo melhor, percebi que ele também é adorável.
Sob um ponto de vista menos crítico, A Herdeira das Sombras foi uma sequência emocionante, cheia de intrigas, engodos e violência. Adentramos um pouco mais nos recônditos da mente de Jaenelle e percebemos o quanto soturno e letal é seu espirito. Gosto disso, pois a personagem apresenta certa melancolia e inocência e logo em seguida demonstra que pode ser forte e implacável.
Entretanto,
pequenos detalhes me incomodaram. A evolução da trama me pareceu corrida, com
um linha temporal fragmentada. De uma hora para outra passam-se anos na
história. Em um momento Jaenelle está na adolescência, e capítulos depois é uma
mulher de vinte anos. Não gostei desses saltos, pois o enredo não descreve de
forma adequada essa passagem do tempo.
Apesar dos
pontos falhos, A Herdeira das Sombras é um livro cativante, que nos prende
do início ao fim. Estou ansiosa pelo próximo volume!