Então, é isso mesmo. Estou
ferrado.
p. 14
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O pesadelo começou seis dias após o início
daqueles que deveriam ser os dois meses mais importantes da vida de Mark Watney.
Uma tempestade de areia forçou a tripulação da Ares 3 a abortar a missão e
partir do planeta vermelho. Certos de que Mark havia morrido em um acidente
durante a tempestade, eles o deixaram para trás.
Ao recobrar a consciência,
Mark percebe que está sozinho em Marte e que suas chances de sobreviver são
ínfimas. Ele foi a décima sétima pessoa a pisar em Marte, mas provavelmente será
a primeira a morrer no planeta vermelho.
Sua situação é a seguinte: ele está
perdido em Marte, não tem como se comunicar com a Terra, todos acham que ele
está morto e está em um HAB (módulo de habitação) projetado para durar 31 dias.
Suas chances não são nada promissoras… Mesmo se conseguisse avisar que ainda
está vivo, seus suprimentos acabariam antes da chegada de um possível
resgate.
Ainda assim, Mark não está disposto a, simplesmente, deitar e morrer.
Munido apenas de seu desejo de viver, perspicácia e habilidades de engenheiro e
botânico, ele está disposto a trilhar seu caminho rumo à sobrevivência.
Será
o primeiro homem a plantar batatas em Marte e usando todos seus conhecimentos de
química, física, engenharia e muita fita adesiva, Mark traçará um plano para
entrar em contato com a NASA e, quem sabe, sair vivo de lá.
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Perdido em Marte – romance de estreia do americano Andy Weir – é
uma aventura que surpreenderá os fãs de ficção científica. O livro será adaptado
para o cinema e estrelado por Matt Damon, confesso que estou curiosa em relação
ao filme.
A trama gira em torno do drama do astronauta Mark Watney, que foi
abandonado em marte após ter sido erroneamente considerado morto. O que torna a
história atraente, pelo menos para mim, é a ideia de alguém conseguir manter-se
vivo em um ambiente tão inóspito. Não é só o fato de Watney lutar pela
sobrevivência que faz com que o enredo seja interessante, mas principalmente a
capacidade do personagem em manter-se são, perseverante e bem-humorado diante de
uma situação desesperadora. Tudo conspira contra Mark Watney e, mesmo assim, ele
consegue brincar e satirizar sobre a situação em que se encontra.
Apesar do
tema ter uma aura de desastre, pois parece improvável que Mark vá conseguir
sobreviver por muito tempo, a história transmite esperança e demonstra o quão
persistente o homem pode ser. Eu não teria tanto sangue frio, fico aterrorizada
só de imaginar estar presa sozinha em um elevador, quem dirá no planeta
vermelho! Mas é exatamente o otimismo, a disposição, o bom humor e,
principalmente, a engenhosidade para encontrar soluções para os obstáculos que
fazem de Mark Watney um protagonista especial e tornam a leitura extremamente
envolvente e divertida.
Por outro lado, o estado emocional de Mark não é convincente. Mesmo sendo uma pessoa otimista por natureza, não acho crível a calma e descontração do protagonista apresentada no livro. Faltou explorar de maneira séria os efeitos psicológicos e emocionais de uma pessoa isolada e com pouquíssimas chances de sair com vida. Eu adoro finais felizes, mas prefiro uma abordagem mais realista.
Por outro lado, o estado emocional de Mark não é convincente. Mesmo sendo uma pessoa otimista por natureza, não acho crível a calma e descontração do protagonista apresentada no livro. Faltou explorar de maneira séria os efeitos psicológicos e emocionais de uma pessoa isolada e com pouquíssimas chances de sair com vida. Eu adoro finais felizes, mas prefiro uma abordagem mais realista.
Particularmente, um dos maiores pecados nos livros
sci-fi são os excessos de termos relativos à tecnologia e ciência que alguns
autores introduzem na trama. Perdido em Marte não fica atrás, Andy Weir faz
longas explanações sobre a missão a Marte – parte que achei extremamente
interessante –, dados técnicos sobre as instalações que dispõe e equipamentos. O
autor se estende em demasia em algumas explicações, e confesso que fiquei
entediada em alguns capítulos, porém não chegou a comprometer meu ritmo de
leitura. Na verdade, todo o discurso didático é importante para que o leitor
entenda como Mark está lutando para conseguir manter seu suporte à vida até um
possível resgate. Sim, há passagens um tanto monótonas, mas são esclarecedoras e
importantes para um bom entendimento do enredo.
Perdido em Marte não é
somente um livro de ficção científica sobre uma missão mal sucedida à Marte, é
especialmente sobre humanidade, esperança e o desejo inerente de sobrevivência.
Um livro que agradará tanto aos fãs de sci-fi quanto aos leitores que estão
ingressando no gênero.