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Digno de Nota

terça-feira, 31 de março de 2015

“OBJETOS CORTANTES” (Gillian Flynn)

Eu me corto, sabe? E pico, e fatio, e gravo, e furo. Sou um caso muito especial. Eu tenho determinação. A minha pele grita, vê? Está coberta de palavras - cozinha, cupcake, gato, cachos - como se um garotinho com uma faca tivesse aprendido a escrever em minha pele. Eu às vezes, mas ó às vezes, rio. (…)
p. 64-65
~~~*~~~
Sinopse: 

Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida. 

Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. 

À medida que as investigações para elaborar sua matéria avançam, Camille começa a desenvolver as próprias teorias sobre o mistério e, embora a polícia desconfie que o assassino seja alguém de fora da cidade, ela acredita se tratar de um local. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas. 
~~~*~~~ 
Objetos Cortantes de Gillian Flynn é um thriller psicológico inquietante. Apesar do livro não ter sido desafiador em relação ao mistério apresentado, os distúrbios mentais e comportamentais que afligem os principais personagens me tiraram da zona de conforto. Não sou uma leitora que se abala facilmente, contudo fiquei um tanto impressionada com os transtornos psicológicos da protagonista.

Objetos Cortantes foi o primeiro livro publicado da autora e pude perceber um grande crescimento da construção narrativa em relação à Garota Exemplar – thriller que consagrou Gillian Flynn como uma das maiores autoras de suspense da atualidade. Embora o enredo seja extremamente envolvente e, de certa forma, perturbador, a estrutura do livro como um todo é rasa. Para uma trama que aborda inúmeros desvios comportamentais – automutilação, psicopatias, sadismo, perversão, assassinato e etc. – a construção dos personagens é falha e a evolução corrida. Assim, muitas das motivações e características que definem a personalidade dos personagens ficaram sem um respaldo adequado.

A protagonista, Camille Preaker, é uma jornalista que saiu recentemente de um hospital psiquiátrico, onde ficou internada para tratar de um distúrbio comportamental autodestrutivo. Ela enfrenta uma batalha diária contra o impulso de mutilar-se e seu desespero por alívio é angustiante. Camille é uma pessoa marcada por uma infância traumática e se tortura emocionalmente. Para mim, a autora pecou ao não se aprofundar e fundamentar a raiz do problema de Camille. Sabemos que a perda de um ente querido deixou-lhe profundas cicatrizes, mas as circunstancias que antecederam esse evento e os meandros de sua relação familiar são pouco explorados.

A princípio, o enredo é impulsionado por um mistério, onde meninas estão sendo assassinadas na pequena Wind Gap, cidade natal de Camille. Porém, ao longo do livro, o ramo policial acaba ficando em segundo plano frente aos transtornos comportamentais apresentados. A investigação policial fica amarrada e não evolui. Uma pena, pois se ambos os assuntos fossem explorados simultaneamente, a história seria incrível!

No início da resenha comentei que o mistério é pouco desafiador, digo isso porque, antes mesmo de chegar à metade do livro pude vislumbrar o desfecho. Pouco a pouco Gillian Flynn desnuda seus personagens e nos mostra sua verdadeira essência. É através de suas personalidades e modo de agir que o mistério em torno das mortes se torna previsível. Parece que a autora não se preocupou em desviar a atenção do leitor para outros suspeitos, demonstrando que o foco da ação não é o assassino e, sim, sua mente distorcida.

Apesar de ter sentido falta de mais aprofundamento, foi impossível não mergulhar nesse universo mórbido criado por Flynn. A autora tem uma capacidade impar em criar histórias que impressionam. Assim, Objetos Cortantes é livro que ficará marcado em minha memória pela intensidade da protagonista e, principalmente, seu perfil autodestrutivo. 

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PS: Objetos Cortantes é uma reedição da editora Intrínseca, o livro foi publicado anteriormente pela Rocco com o título “Na Própria Carne”.

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