(…) Vi pais carregando filhos pequenos e puxando pelas mãos crianças mais velhas. Algumas vezes, gritaram para eu parar, imploraram ajuda, porém, nos filmes, parar sempre significava morrer, e eu mal havia completado dezoito anos. Eu não sabia quanto tempo conseguiríamos sobreviver, mas tinha certeza de que não morreria no primeiro dia da droga do Apocalipse zumbi.
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Durante toda manhã as rádios relataram algo sobre uma epidemia na Europa. Mas Scarlet estava muito ocupada com suas filhas – Jenna de treze anos e Halle de sete – para se preocupar com a notícia de um surto em outro continente. Naquele fim de semana as meninas iriam para a casa do pai, Andrew. Um homem que muitas vezes lhe faltava sensibilidade, mas que era um pai responsável.
Aquela sexta-feira ficaria marcada para sempre na memória de Scarlet… foi o dia em que o mundo acabou e a última vez que viu suas filhas. Mas ela iria encontrá-las, custe o que custar.
Nathan Oxford está atolado em um casamento infeliz. Sua esposa mudou depois do nascimento da Zoe, mas ele manteve o relacionamento pelo bem-estar da filha. Após o trabalho, Nathan foi buscar Zoe na escola e, enquanto aguardava, ouviu novamente as notícias perturbadoras. A doença contagiosa havia invadido a fronteira do país e já falavam em pandemia. Pouco depois, foi dado um alerta vermelho, o vírus altamente contagioso havia chegado ao Estado. Foi então que caos se instalou. Mães correram para tirarem seus filhos das salas de aula e Nathan fez o mesmo. Ele não tinha ideia para onde iria, mas sabia que precisava ir para o interior e manter Zoe em segurança.
Miranda Heyes estava a caminho do rancho do pai quando o inferno tomou conta da Terra. Congestionamentos, carros enguiçados e pessoas correndo sem destino impediam que ela, sua irmã – Ashley – e seus respectivos namorados continuassem a viagem. Mas Miranda não ficaria parada esperando que os “mortos vivos” chegassem até ela. Ignorando todas as regras de trânsito e bom senso, Miranda conduz o carro pelo acostamento, desvia por campos abertos e vias secundárias para seguir seu caminho. Após o divórcio dos pais, Miranda e Ashley se afastaram do pai, mas agora a única coisa que ela queria era encontrá-lo em Red Hill.
Um lugar isolado e seguro, perfeito para se esconderem enquanto o mundo é destruído. As vidas dessas pessoas serão entrelaçadas, seus temores se concretizarão e relacionamentos postos a prova. Será que o amor é suficiente para mantê-los sãos e fortes diante de um inimigo tão implacável e um futuro desesperançoso?
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A autora Jamie McGuire conquistou uma multidão de fãs com o New Adult Belo Desastre. Entretanto, Red Hill possui um foco totalmente diferente. Aqui, encontramos mais uma versão de um apocalipse Zumbi e, embora o tema não seja original, McGuire conseguiu manter meu interesse.
Novamente, estamos diante de uma história que gira em torno de um vírus desconhecido com a capacidade de reanimar os mortos, um grupo de pessoas cujo objetivo em comum é sobreviver e o relacionamento humano diante de algo desconhecido e aterrorizante.
Inicialmente, acompanhamos a narração de três personagens – Scarlet, Nathan e Miranda - que posteriormente se convergem. Aproximadamente 2/3 do livro conta suas trajetórias em busca de um refúgio, e mais tarde todos acabam se encontrando no rancho Red Hill.
O enredo possui um enfoque voltado para os dilemas dos personagens e relacionamentos interpessoais. Ou seja, o propósito de Red Hill não é chocar o leitor com hordas de zumbis, desmembramentos, sangue, tripas e cérebros expostos. Na verdade, Red Hill fala de amor, amizade, sacrifício, perdas, esperança e, principalmente, instinto de sobrevivência.
Apesar dos zumbis não serem tão amedrontadores, a trama é repleta de tensão. Tensão essa, gerada pelas situações em que os personagens são obrigados a enfrentar e pelo terror de se deparar com algo que todos pensavam ser impossível… ficção.
Red Hill é um livro envolvente, daqueles que lemos sem refletir muito sobre o que está sendo exposto. Porém, quando paramos para avaliar seu conteúdo, percebemos que o enredo peca em alguns pontos. Bem, o excesso de clichês ofuscou a história, pois a autora não apresentou nada de novo. Nem um sopro de criatividade ou originalidade nas velhas lendas dos “mortos vivos”. Outros pontos me incomodaram, mas eu tenho consciência de que sou extremamente exigente… Alguns temas levantados foram mal esclarecidos, personagens que sobrevivem sem uma cena que explique tal milagre, eventos ou coincidências pouco convincentes, romances e triângulos amorosos que não foram concluidos. Sem falar em algumas mortes totalmente desnecessárias, a autora preferiu eliminar os personagens ao invés de solucionar o impasse criado. Bem, na minha opinião faltou desenvolvimento de assuntos que teriam tudo para tornar a história incrível.
Apesar dos “poréns”, Red Hill ainda é um bom livro, principalmente para quem procura um suspense leve ou para leitores iniciantes no universo zumbi.